Junho é o mês da conscientização sobre os transtornos alimentares. Mas, em vez de repetir o que já se sabe, quero convidar você a olhar para o que quase ninguém fala: os sinais silenciosos, normalizados e muitas vezes elogiados de uma relação adoecida com a comida.
Comer com culpa, pular refeições para “compensar” exageros, evitar eventos sociais por medo de sair da dieta, pensar em comida o tempo todo ou acreditar que prazer ao comer é fraqueza. Esses comportamentos não parecem tão graves à primeira vista, mas podem ser o início de uma relação profundamente conflituosa com o alimento — e com o próprio corpo.
Restrições disfarçadas
A sociedade aplaude quem “tem foco” e “resiste à tentação”, mesmo que isso venha acompanhado de sofrimento. Restrições disfarçadas de autocuidado, dietas cada vez mais restritivas e a busca incessante por um corpo idealizado alimentam, silenciosamente, um ciclo perigoso de insatisfação, descontrole e culpa.
Transtornos alimentares
O problema é que, enquanto os sinais estão no comportamento, muitos só olham para o corpo. E, assim, transtornos alimentares continuam crescendo escondidos em corpos considerados “normais”.
É preciso mudar esse olhar. O comportamento alimentar fala — e fala alto. Escutar o que está por trás das escolhas alimentares é tão importante quanto olhar para nutrientes. Afinal, comer não é só um ato biológico. É emocional, social e simbólico.
Neste mês de conscientização, deixo um convite: em vez de perguntar “o que você está comendo?”, que tal perguntar “como você está comendo?” ou “como você se sente quando come?”.
Se você percebe que a comida tem sido mais fonte de ansiedade do que de nutrição, procure ajuda.
Cuidar do comportamento alimentar é um ato de coragem e de saúde. Você não precisa passar por isso sozinha.