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Crime organizado: ou o Brasil muda a segurança, ou ele tomará o País

Os interesses menores e dissonantes da necessidade de combate efetivo imperam há mais de 30 anos

Flavio Werneck
Por Flavio Werneck  - Segurança Pública 3 Min Leitura
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Setores legais, como ouro e combustíveis, estão na mira do crime organizado e movimentam bilhões por ano Imagem: AI
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Pesquisa recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela a dimensão da economia do crime organizado no Brasil. As organizações criminosas estão se profissionalizando, aproveitando brechas legais, falhas de fiscalização e a lentidão no combate para investir em mercados formais de alto valor, como ouro, combustíveis, tabaco e bebidas. Segundo o estudo, apenas nessas áreas, o crime movimentou R$146,8 bilhões em 2022.

Os números detalhados mostram:

• Combustíveis: R$ 61,5 bilhões

• Bebidas: R$ 56,9 bilhões

• Ouro: R$ 18,2 bilhões

• Tabaco/cigarro: R$ 10,3 bilhões

(Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública)

Crimes digitais e furtos de celulares somaram R$ 186 bilhões no mesmo período. Em comparação, o tráfico de cocaína gerou “apenas” R$ 15 bilhões — menos que o tabaco.

Vamos fazer alguns comparativos para deixar tudo mais claro? 

Porque quando falamos em Bilhões, perdemos um pouco a noção de valores. Não é verdade? 

• O orçamento da Polícia Federal em 2024 foi de R$ 10,4 bilhões (Portal da Transparência).

• Os gastos totais em segurança pública em 2022 atingiram R$ 124,8 bilhões — apenas 0,34% do orçamento nacional.

Ou seja, o lucro do crime organizado é 2,5 vezes maior que o investimento do Estado para combatê-lo.

• Petrobras teve lucro líquido de R$ 36,6 bilhões em 2024. O crime organizado lucrou cerca de 9,2 vezes mais que a maior empresa do Brasil.

• Vale registrou US$ 6,16 bilhões (cerca de R$ 32 bilhões). (Fonte: Poder360) 

Ou seja, juntas as duas maiores empresas do país não superam o lucro do crime.

O que falta? Como resolver e ser mais eficiente?

Nossos políticos, principalmente Congresso e Ministério da Justiça e Segurança Pública, já têm esse diagnóstico e mapeamento. Sabem o que precisa mudar e ser feito. Mas os interesses menores e dissonantes da necessidade de combate efetivo imperam há mais de 30 anos. 

Para além do já batido “follow the Money/products”, para identificar e interromper o financiamento do crime organizado e a utilização de inteligência financeira e tecnológica há necessidade urgente de novo modelo de investigação: CÉLERE, EFICIENTE, COM CONSTRIÇÃO DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA E APLICAÇÃO DE PENAS. 

O desafio é enorme. Mas ainda alcançável. Mas… Se demorarmos muito pode ser tarde demais. 

Interesses políticos e pseudo-judiciais minam essas melhorias no combate ao crime organizado há 30 anos. A infiltração deles no poder já é incontestável.

É hora de acordar — ou o Brasil permanecerá em “berço esplêndido” enquanto o crime avança?

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Posted by Flavio Werneck Segurança Pública
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Advogado, servidor público, mestre em criminologia e pós-graduado pela Escola do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
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