As dores de cabeça, ou cefaleias, não são exclusividade dos adultos. Muitas crianças, inclusive bem pequenas, podem apresentar esse sintoma, o que costuma causar apreensão nos pais. Embora a maioria dos casos seja benigna, entender quando a cefaleia é motivo de atenção médica é essencial.
Em crianças, a cefaleia pode se manifestar de várias formas: dor latejante, sensação de peso ou pressão na cabeça, dor em apenas um lado ou na região frontal. A criança pode reclamar, ficar mais irritada, quieta ou até mesmo querer se deitar no escuro. Às vezes, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz acompanham o quadro.
Causas mais comuns
As causas mais comuns incluem cansaço, estresse escolar, jejum prolongado, desidratação, noites mal dormidas e excesso de telas. Infecções como gripes, sinusites e otites também podem causar dor de cabeça. Além disso, crianças que possuem histórico familiar de enxaqueca têm maior chance de desenvolver cefaleias recorrentes.
A enxaqueca na infância é mais frequente do que se imagina e pode começar já aos 2 ou 3 anos de idade. Nessas situações, as dores costumam ser mais intensas, pulsáteis, associadas a náuseas e melhora com o sono. Diferente dos adultos, nem sempre as crises duram horas — em crianças, podem durar de 30 minutos a 2 horas.
É fundamental estar atento a sinais de alerta. Uma cefaleia que piora progressivamente, que acorda a criança durante a noite, que aparece sempre no mesmo horário ou está associada a vômitos em jato, alterações visuais, perda de força, convulsões ou mudança no comportamento merece investigação imediata.
O exame físico realizado pelo pediatra, aliado a uma boa história clínica, geralmente é suficiente para diagnosticar a maioria das cefaleias. Na maioria dos casos, exames de imagem como tomografia ou ressonância não são necessários, a não ser que haja sinais neurológicos ou padrão atípico de dor.
Tratamentos
O tratamento vai depender da causa identificada. Para cefaleias tensionais ou enxaquecas leves, pode ser suficiente adotar hábitos saudáveis: manter uma boa hidratação, alimentação regular, sono adequado e evitar excesso de estímulos visuais. Analgésicos comuns, como paracetamol, dipirona ou ibuprofeno, podem ser usados sob orientação médica.
No caso de enxaquecas mais intensas e recorrentes, o pediatra pode orientar o uso de medicação específica para as crises e, em alguns casos, indicar um neurologista pediátrico. A reeducação alimentar, o controle do estresse e até terapias complementares, como acupuntura, podem auxiliar.
Importante lembrar que a automedicação, especialmente com medicamentos adultos, não é recomendada. Doses incorretas ou o uso frequente de analgésicos podem até piorar o quadro, causando o chamado “efeito rebote”, com mais crises de dor.
Papel da escola
Outro ponto essencial é o papel da escola. Professores e coordenadores devem ser informados sobre o quadro da criança e orientados sobre como agir em caso de dor. A compreensão do ambiente escolar e a redução da pressão sobre desempenho acadêmico também colaboram na melhora dos sintomas.
Crianças e adolescentes muitas vezes sofrem em silêncio com dores de cabeça. Por isso, escutar o que elas relatam, observar mudanças sutis no comportamento e manter um canal de diálogo aberto são atitudes que fazem toda a diferença.
Por fim, reforço que a cefaleia na infância, na maioria das vezes, é benigna. No entanto, merece atenção e avaliação cuidadosa, principalmente quando se torna frequente ou interfere na rotina da criança. Com acolhimento, investigação correta e orientação adequada, é possível controlar o problema e garantir qualidade de vida.