Impacto dos gastos com material escolar no orçamento das famílias brasileiras

Estudo revela que 85% das famílias com filhos em idade escolar são afetadas pelas compras de volta às aulas, com um aumento significativo nos gastos nos últimos anos

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Gastos com material escolar afetam o orçamento de 85% das famílias brasileiras, com aumento de 43,7% nos últimos quatro anosImagem: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Os gastos com material escolar no Brasil atingiram a marca de R$ 49,3 bilhões em 2024, refletindo um aumento de 43,7% em comparação aos últimos quatro anos. Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva e a QuestionPro, o valor representa um peso considerável no orçamento de muitas famílias brasileiras, afetando diretamente 85% delas. A pesquisa, que envolveu 1.461 entrevistas realizadas em todo o país, revela também que um terço dos responsáveis pelos estudantes devem recorrer ao parcelamento para fazer frente às despesas do ano letivo de 2025.

O aumento no gasto com materiais escolares é especialmente notável para as famílias de classes B e C, que juntas representam 76% do total gasto no país. A classe B destinou R$ 20,3 bilhões e a classe C, R$ 17,3 bilhões, conforme estimativas da pesquisa. A região Sudeste lidera o consumo, com 46% dos gastos, seguida pelo Nordeste, com 28%, enquanto o Norte é responsável por apenas 5% desse total.

Impacto no orçamento doméstico

De acordo com João Paulo Cunha, diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, o aumento no custo de materiais escolares tem afetado tanto as famílias de escolas públicas quanto privadas. Embora muitos acreditem que os pais de alunos da rede pública não enfrentem gastos elevados, a realidade é diferente. Esses pais muitas vezes precisam complementar os itens fornecidos pela escola, como materiais e uniformes, o que impacta diretamente no orçamento familiar.

A pesquisa também revela que 38% das famílias consideram o impacto no orçamento “muito grande”, enquanto 47% afirmam que o impacto é “algum”. Apenas 15% dos entrevistados disseram que as compras de volta às aulas não afetam suas finanças. Para contornar esse desafio, 35% das famílias afirmam que parcelarão as compras do próximo ano letivo, com um aumento de 39% entre as famílias da classe C.

Inflação

Os preços dos materiais também têm sofrido pressões externas, como a inflação, o aumento dos custos de produção e o impacto do câmbio. Produtos importados, como mochilas e estojos, têm seus preços elevados pela alta do dólar e pelos custos de frete. A ABFIAE, que representa os fabricantes e importadores de artigos escolares, estima que os preços para 2025 possam aumentar entre 5% e 9%.

A entidade sugere a criação de programas públicos de apoio à aquisição de material escolar, como já ocorre no Distrito Federal e em algumas cidades, onde são oferecidos créditos aos estudantes da rede pública. Além disso, a ABFIAE defende a redução de impostos sobre os itens escolares, que atualmente podem representar até 50% do preço final de alguns produtos.

Com a inflação e os altos custos de produção, o impacto dos gastos escolares sobre as famílias tende a se manter. Em meio a esse cenário, muitas famílias precisarão adotar estratégias, como o parcelamento e o redirecionamento de recursos, para garantir o acesso dos filhos aos materiais necessários para o ano letivo.

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