Final de ano chegando e são muitos os desafios que se interpõem para aqueles que terminam o ensino médio. Há uma premência em saber responder à questão “por onde quero andar a partir de agora?”. E as reflexões consequentes remetem a outra pergunta não menos importante: “Sou hoje o mesmo que adentrou os portões da escola no primeiro ano?”. Assim como na mitologia grega em que as peças do navio de Teseu iam sendo substituídas ao longo da viagem, podemos nos perguntar se este navio seria o mesmo assim como cada um que passa por um processo de aprendizagem.
Conformações identitárias
De igual maneira, as águas que passam por um rio jamais são as mesmas, vamos nos construindo à medida que interagimos uns com os outros e com o conhecimento que nos é apresentado. As conformações identitárias vão então tomando forma e nos contando paulatinamente quem somos e o que queremos para nossa vida. São as afinidades com pais, professores e tantos grupos sociais dos quais fazemos parte que possibilitam as escolhas (ou ainda as possibilidades…) desse percurso que definimos tão precocemente na juventude.
No tocante a tal precocidade, muitos são os que mudam a rota iniciada, desistindo dos intentos inicialmente imaginados. Alguns, à revelia das expectativas sociais, outros tantos para atender exatamente a essas variadas expectativas. As incertezas são muitas, as possibilidades variadas, a depender especialmente das condições sociais que permeiam o cotidiano de cada um e de cada uma diferentemente. Nesse ínterim, é fundamental entender, como pais ou conselheiros, que o mais importante é buscar, dentro dos limites e potencialidades que trazemos, os caminhos que levarão à felicidade.
Potencialidades como sustentáculos
Devemos, assim, atentar que o trabalho, ao longo da experiência humana, toma muitas horas de nossas vidas e não há como viver plenamente exercendo algo que não desejamos, que não nos realiza, que é apenas peso e não satisfação e alegria. Um projeto de vida que se quer bem sucedido pressupõe, portanto, o alinhamento entre as tais possibilidades, potencialidades e desejos íntimos que se relacionam como sustentáculos dessa bela obra em que necessariamente somos os protagonistas e não marionetes conduzidas por linhas que nos direcionam autonomamente como se não tivéssemos qualquer vontade.
Enfim, a vida requer de cada um de nós coragem, consubstanciada nas decisões que tomamos e em nossa capacidade permanente de aprender e mudar sempre que se fizer necessário.