A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou suas previsões para a economia brasileira em 2025, projetando um crescimento de 2,4%, menor do que o aumento esperado para 2024, de 3,5%. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deverá ficar em 4,5% no próximo ano, uma leve queda em relação aos 4,8% estimados para 2024.
Para o setor industrial, a expectativa é de um crescimento de 3,3% em 2024, mas uma desaceleração para 2,1% em 2025. Segundo a CNI, a retomada do ciclo de alta dos juros pelo Banco Central (BC) será o principal fator para essa desaceleração, juntamente com uma criação de empregos mais lenta e a redução do impulso fiscal, que limita o efeito do aumento dos gastos públicos sobre o crescimento da economia.
De acordo com Mário Sérgio Telles, superintendente de Economia da CNI, o Brasil estará operando perto de seu “potencial de crescimento” nos próximos anos. Esse conceito, usado para definir o ritmo de expansão econômica sem gerar pressões inflacionárias, reflete um cenário de crescimento sustentável, com ênfase em investimentos e nas recentes reformas implementadas.
Juros e inflação
O aumento da Selic, que atualmente está em 12,25%, deverá continuar até março de 2025, quando atingirá 14,25% ao ano. A expectativa é que a taxa comece a cair gradualmente após agosto, fechando o ano em 12,75%. A CNI também acredita em uma desvalorização do dólar, que deve cair para uma média de R$ 5,70 no ano, após ter atingido R$ 5,38 em 2024.
Além do cenário fiscal, outro fator positivo para o controle da inflação é a expectativa de uma boa safra e aumento nas exportações agrícolas, o que pode aliviar os preços dos alimentos. No entanto, esse cenário depende de condições climáticas favoráveis.
Em relação ao pacote de corte de gastos, a CNI acredita que 70% a 80% das medidas enviadas ao Congresso serão aprovadas, resultando em uma economia de R$ 22 bilhões para o governo. Apesar disso, a previsão é que o déficit primário no ano de 2025 chegue a R$ 70,2 bilhões, o que representa 0,6% do PIB, uma piora em relação à projeção para 2024, de R$ 34,9 bilhões.
Crescimento moderado
Por fim, a dívida pública bruta deve continuar sua trajetória de alta, atingindo 81,9% do PIB em 2025, comparado a 78,7% no ano anterior. O cenário fiscal ainda exige atenção, principalmente em relação à arrecadação, que deverá ficar aquém das necessidades do governo, com uma estimativa de R$ 55 bilhões em receitas extras, bem abaixo dos R$ 168,3 bilhões inicialmente previstos.
A CNI, portanto, aponta para um ano de crescimento moderado, com desafios fiscais, mas também com expectativas de melhorias em diversos setores, especialmente graças às reformas e ajustes em curso.