Polarização e violência política nas escolas

A escola deveria ser espaço dialógico que possibilita a ampliação de horizontes e a leitura crítica da realidade

Sandra Mara Bessa
Por Sandra Mara Bessa  - Professora 3 Min Leitura
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Escola com espaço de reflexão e convivência crítica | Imagem: Freepik
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Os conflitos fazem parte da natureza humana e pressupõem divergências de ideias, de opiniões e de julgamentos de valores os mais diversos. Se por um lado, entrevemos no conflito um problema, verificamos que é por meio do dissenso, da argumentação, da reflexão sobre a realidade e suas nuanças, que o mundo evolui. No entanto, nem sempre os conflitos decorrem de nobres intencionalidades. Os conflitos muitas vezes advêm de fatores distintos como falhas de comunicação, de interesses espúrios, do confronto de valores que deveriam ser universais ou mesmo da necessidade de culpabilizar o outro por nossos problemas e dores.

Polarização política

Nesse sentido, há que se considerar o quanto os conflitos podem facilmente se tornar fonte de violências tantas. Ao pensar em conflitos, remetemos imediatamente às questões políticas que hoje são fonte de discordâncias e desavenças as mais variadas, inclusive no seio das famílias. Por isso mesmo, a polarização política no Brasil tem sido, nos últimos anos, fator de preocupação para inúmeros setores. De acordo com a CNN, a mais recente edição da pesquisa global Edelman Trust Barometer, publicada em 2023, aponta uma piora na avaliação da população brasileira sobre a polarização política no país e sobre o espírito de civilidade.

Escola como espaço dialógico

Essa polarização impacta diretamente a educação na medida em que tem impossibilitado a reflexão sobre temas fundamentais para a sociedade, especialmente as relacionadas aos direitos humanos, sociais e ambientais. Tais temas têm assumido cada vez mais a centralidade das discordâncias entre os grupos políticos em seus embates. À revelia de tamanhas controvérsias, a escola deveria ser espaço dialógico que possibilita a ampliação de horizontes e a leitura crítica da realidade de modo a permitir que o sujeito se torne capaz de fazer escolhas e assumir assim sua visão de mundo.

A diversidade presente na escola é, assim, reflexo daquelas presentes na sociedade. Atua, portanto, como um microcosmo social. A criança, ao deixar a família, vai ter a oportunidade de conviver com essas diferenças e aprender com elas. Todavia, ao pautar-se pelo comportamento adotado no ambiente familiar, traz consigo os comportamentos adotados pelos seus familiares ao lidarem com as diferenças. Se convive em um ambiente de intolerância e de tensão, tende a reproduzir um discurso intransigente. Se convive em um ambiente em que o diálogo prevalece sobre todas as discordâncias… Daí, a responsabilidade de cada família na formação de crianças e de adolescentes que entendam que as incivilidades e as violências nunca são boas escolhas.

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Posted by Sandra Mara Bessa Professora
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Gestora de projetos e especialista em Educação
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