O dólar fechou nesta quarta-feira (27) em alta de 1,8%, cotado a R$ 5,9124, atingindo o maior valor nominal desde o início do Plano Real. A escalada foi impulsionada por incertezas em relação ao pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em pronunciamento transmitido na rede nacional. A valorização da moeda norte-americana reflete a preocupação do mercado com as consequências das novas medidas no equilíbrio fiscal do país.
O que muda?
Entre as principais mudanças, o governo anunciou a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com rendimentos de até R$ 5 mil, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida busca aliviar a carga tributária da classe média, mas sua supervisão depende da compensação fiscal por meio de maior tributação sobre rendas superiores a R$ 50 mil mensais e ajustes em benefícios previdenciários e trabalhistas.
Cortes e ajustes também foram detalhados, como a nova regra para reajuste do salário mínimo, com um teto de 2,5%, e as limitações do abono salarial aos trabalhadores com renda de até um salário mínimo a partir de 2026. Além disso, mudanças na A aposentadoria militar, incluindo idade mínima de 55 anos para a reserva, visa economizar R$ 2 bilhões por ano.
Mercado reage com cautela
Embora o pacote tenha sido apresentado como parte de um esforço para fortalecer as contas, a ampliação da autorização do IR gerou dúvidas sobre o impacto na arrecadação. Os investidores recorreram ao dólar como forma de proteção, ampliando sua cotação e reforçando a percepção de instabilidade econômica.
A preocupação com a sustentabilidade fiscal também foi acentuada por atrasos na aprovação interna das medidas, reflexo de resistência dentro do próprio governo. A tentativa de conciliar cortes de gastos com a manutenção de programas sociais de apelo popular coloca o governo em uma posição delicada.
O desafio
Durante o pronunciamento, Haddad reiterou o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, destacando ações como o combate à sonegação fiscal e a redistribuição de 50% das emendas parlamentares para a saúde pública. Entretanto, um acontecimento inicial do mercado indica que os desafios à frente não serão pequenos.