Nomofobia: o que é e como afeta a saúde das nossas crianças

Pesquisas recentes indicam que 70% dos jovens entre 12 e 18 anos apresentam nomofobia

Dr. Tiago Oyama
Por Dr. Tiago Oyama  - Pediatra 4 Min Leitura
4 Min Leitura
O uso excessivo do celular na infância pode afetar a saúdeImagem: Freepik

ouça o post

A nomofobia, ou o medo irracional de ficar sem acesso ao celular, é um problema crescente em nossa sociedade hiperconectada. O termo, derivado do inglês “no-mobile-phone-phobia”, foi usado para descrever uma condição em que indivíduos sentem extrema ansiedade ao se afastarem de seus dispositivos móveis. A nomofobia traz implicações significativas para a saúde mental, especialmente em crianças e adolescentes.

Pesquisas recentes indicam que até 70% dos jovens entre 12 e 18 anos apresentam algum grau de nomofobia. Isso reflete não apenas o impacto das tecnologias modernas, mas também a necessidade urgente de educação digital desde cedo. À medida que a tecnologia avança, será inevitável depender dela em muitos aspectos da vida. Contudo, é crucial equilibrar o uso saudável com o bem-estar mental. A nomofobia é um lembrete de que a tecnologia deve servir a nós, e não o contrário.

É possível identificar os sinais de nomofobia, que vão além do simples uso frequente do celular. Entre os comportamentos mais comuns estão: verificar compulsivamente notificações, sentir angústia ao ficar sem bateria ou conexão, e apresentar irritabilidade ou ansiedade ao esquecer o aparelho em casa. Em crianças e adolescentes, isso pode se manifestar na incapacidade de realizar atividades escolares, sociais ou até mesmo de dormir adequadamente sem o celular por perto.

Efeitos da nomofobia

Os efeitos da nomofobia não se limitam à saúde mental. Estudos mostram que o uso excessivo de dispositivos pode causar problemas físicos, como dores de cabeça, fadiga ocular e postura inadequada. Além disso, a dependência de telas pode agravar problemas emocionais como ansiedade, depressão e dificuldades de socialização.

Em alguns casos, a nomofobia pode ser tão grave que exige intervenção profissional. Se a dependência do celular interfere significativamente no desempenho escolar, social ou emocional, é hora de procurar ajuda.

Os pais têm um papel fundamental na identificação e manejo da nomofobia em crianças e adolescentes. Um dos passos iniciais é observar os hábitos digitais da família. Crianças aprendem pelo exemplo, e se os pais estão constantemente conectados, é mais provável que seus filhos desenvolvam dependência similar. Limitar o uso de dispositivos durante refeições ou momentos de lazer em família é um bom começo. Escolas e pais podem trabalhar juntos para ensinar as crianças a usarem a tecnologia como uma ferramenta, e não como uma muleta emocional.

Estratégias para superar a nomofobia

A introdução de atividades extracurriculares que promovam o contato com a natureza ou a interação social também é essencial. Superar a nomofobia envolve estratégias práticas. Introduzir atividades extracurriculares que promovam contato com a natureza, incentivar atividades offline, como esportes, leitura ou hobbies criativos, pode ajudar a reduzir a dependência digital. Outra dica é criar “zonas livres de tecnologia” em casa, como quartos ou áreas de convivência, promovendo uma desconexão saudável. Além disso, ferramentas digitais, como aplicativos que monitoram o tempo de uso do celular, podem ajudar a manter o equilíbrio.

A nomofobia é um desafio moderno que requer atenção e ação conjunta de pais, escolas e profissionais da saúde. Ao promover hábitos saudáveis e incentivar a desconexão ocasional, podemos garantir que as gerações futuras desenvolvam uma relação mais equilibrada com a tecnologia. A chave está no equilíbrio, na educação e na valorização de momentos offline para nutrir o bem-estar físico e emocional.

Se você reconhece sinais de nomofobia em sua família ou no seu entorno, buscar apoio é fundamental. Afinal, cuidar da saúde mental desde cedo é o melhor investimento que podemos fazer.

Compartilhe esse Artigo
Posted by Dr. Tiago Oyama Pediatra
seguir
Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (Campus Ribeirão Preto); Residência Médica em pediatria no Hospital das Clínicas da USP - Ribeirão Preto; Residência Médica em Terapia Intensiva Pediátrica; Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria; Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Deixe sua opnião
Verified by MonsterInsights