Reflexões necessárias à formação das juventudes

Refletir sobre as juventudes pressupõe, dessa forma, ressignificar criticamente suas condições de etnia, gênero, condição social, lugar de pertencimento e espiritualidade

Sandra Mara Bessa
Por Sandra Mara Bessa  - Professora 3 Min Leitura
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Imagem: Freepik
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Quero iniciar nossa coluna de hoje falando da palavra “juventudes”. Muitos poderiam equivocadamente encarar tal uso como erro gramatical ou de digitação. Por isso, o desejo de esclarecer-lhe o sentido. Na maior parte das vezes, a palavra juventude remete à ideia de cronologia, a um marco temporal. A OMS circunscreve a juventude ao período que vai dos 15 aos 24 anos. Há que se considerar, no entanto, que a juventude é um grupo heterogêneo, inserida em diferentes contextos sociais e culturais e não apenas uma fase específica da vida.

O uso de juventudes aqui, portanto, associa-se às suas múltiplas representações, realidades e disputas. Refletir sobre as juventudes pressupõe, dessa forma, ressignificar criticamente suas condições de etnia, gênero, condição social, lugar de pertencimento e espiritualidade. Tal demanda por uma reflexão profunda sobre as diferenças e os distanciamentos das juventudes presentes na sociedade brasileira passa pela necessidade de reconfiguração da realidade presente que se visita por meio do escancaramento de suas mazelas, posto que não se tratam apenas de diferenças superficiais ou aparentes.

Enem propõe reflexões

Nesse contexto, o Enem, principal porta de entrada para o ensino superior,que permite ao candidato pleitear vagas em universidades públicas e privadas de todo o país, propôs em 2024, o seguinte tema de redação: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Isso implica dizer que mais de quatro milhões de jovens foram levados a pensar sobre o assunto, ler sobre o tema e escrever sobre ele, apresentando sua argumentação. Temos, assim, a oportunidade ímpar de fazer a juventude refletir sobre as juventudes.

Outro fator a se considerar é que o tema não fica limitado ao dia da prova. Mas é extensamente comentado após sua realização: na mídia, nas redes sociais, nas escolas e nos cursinhos preparatórios… Espaço aberto para a discussão, o que podemos fazer com tudo isso? Podemos assumir o papel reacionário de quem não acha necessário discutir o valor dessa herança que faz parte de quem somos como povo à revelia de nossas vontades pessoais ou podemos aproveitar esse momento para superar a visão minúscula de que devemos apenas trabalhar com os temas óbvios socializados por meio das propostas que não mexem com nossas estruturas cognitivas, sociais e históricas.

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Posted by Sandra Mara Bessa Professora
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Gestora de projetos e especialista em Educação
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