São muitos os desafios da escola e, sem dúvida, dentre eles está o de possibilitar o desenvolvimento de competências comunicativas da criança e do adolescente. Saber dizer o mundo que nos rodeia faz parte de nossa essência. As pessoas contam de si, dos outros, do ambiente em que vivem, dos objetos que manipulam, das suas crenças… Falam de suas experiências e de seus saberes; de suas dores e de suas alegrias; de seus amores e de suas decepções. Contam histórias para ensinar, para desabafar, para entreter e para encantar.
Literatura, expressão do universo imaginário
Esse comportamento, que se dá inicialmente por meio da oralidade, expande-se para o registro escrito e para a divulgação em massa por ocasião da invenção da imprensa. A leitura de textos que trazem estas tantas histórias passa, dessa maneira, a encantar adultos e crianças, ampliando também o surgimento de novos autores e tantas outras histórias que passam a ser registradas e difundidas em diferentes línguas. A literatura então toma forma como a arte da palavra em que se possibilita a expressão do universo imaginário da existência humana.
Escrita autoral como reflexo de nossa bagagem
Nesse sentido é que podemos pensar a escrita autoral como reflexo de nossa bagagem. Não podemos nos esquecer, no entanto, que todo o processo de escritura de nossos textos se inicia especialmente na leitura. Desenvolver o gosto pela leitura, pelas diferentes formas de se expressar e de expor o que sentimos ou pensamos é o primeiro passo para internalizar os ricos recursos que a língua nos dá. Exercer a autoria traz como possibilidade o autoconhecimento. Na prática dessa escrita, nos colocamos numa posição de investigação e de criação de significados, e o primeiro passo para poder expressar alguma coisa é saber o que desejamos expressar.
Encerro, ratificando com a afirmação de Carlos Drummond de Andrade, que é, na infância, o tempo profícuo para se desenvolver a criatividade e a escrita autoral: “Será a poesia um estado de infância relacionada com a necessidade de jogo, a ausência de conhecimento livresco, a despreocupação com os mandamentos práticos de viver – estado de pureza da mente, em suma? Acho que é um pouco de tudo isso, se ela encontra expressão cândida na meninice, pode expandir-se pelo tempo afora, conciliada com a experiência, o senso crítico, a consciência estética dos que compõem ou absorvem poesia.”.