Para muitas pessoas, a balança é quase uma extensão de si mesmas, um objeto presente no dia a dia, ditando sentimentos e determinando o que pode ou não ser vivido. O ato de se pesar todos os dias, na esperança de ver um número menor, tornou-se um ritual para muitos. No entanto, essa prática, por mais comum que pareça, pode trazer implicações psicológicas e sociais que, muitas vezes, não são percebidas.
Um estudo publicado na International Journal of Behavioral Medicine mostrou que a frequência de pesagens está associada a maiores níveis de preocupação com o peso e insatisfação corporal. Em vez de promover bem-estar, o ato de se pesar diariamente acaba se tornando uma fonte de ansiedade e frustração para muitas pessoas. O número visto na balança passa a ser um reflexo de sua autoestima, como se um dígito pudesse definir o valor de alguém.
Número na balança não representa saúde
Curiosamente, essa obsessão pelo peso se relaciona a uma busca por algo que, muitas vezes, não se sabe ao certo o que é: um ideal de felicidade, aprovação social ou um padrão de beleza inatingível. O problema é que, muitas vezes, as pessoas não percebem que esse número não representa saúde, bem-estar, ou, muito menos, a felicidade tão desejada.
É preciso questionar: o que esperamos encontrar ao subir na balança todos os dias? Felicidade é um conceito muito mais complexo do que aquilo que um número possa expressar. Estudos têm apontado que, ao focar na construção de hábitos saudáveis e em uma relação mais positiva com a comida e o corpo, os benefícios são mais duradouros e profundos. A prática da aceitação corporal, por exemplo, tem sido associada a melhorias na saúde mental e física, independentemente das mudanças de peso.
Claro, monitorar o peso pode ser uma ferramenta útil em alguns contextos, mas se pesar todos os dias pode gerar um ciclo vicioso de comparação, culpa e frustração. A felicidade verdadeira não mora em uma balança; ela se encontra nos momentos de autocuidado, nas pequenas conquistas diárias e, sobretudo, na forma como aprendemos a valorizar nosso corpo e a nos relacionar com ele.
É hora de rever essa obsessão e lembrar que somos muito mais do que um número. Ao deixar a balança de lado, abrimos espaço para perceber que felicidade está nas escolhas que fazemos todos os dias para cuidar de nós mesmos, e não apenas em um número que, por si só, não tem o poder de nos definir.