O Distrito Federal apresentou índices positivos de redução de mortes violentas intencionais. Para que fique claro essas são a soma das mortes de vítimas de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023.
Segundo os dados obtidos na pesquisa, a taxa de mortes violentas no DF ficou em 11,3 homicídios por cem mil habitantes. No Brasil, as mortes violentas são menores que as do DF apenas em São Paulo e Santa Catarina.
Mas, se fizermos uma comparação mundial, podemos observar que ainda temos índices muito elevados. O nosso índice é comparável ao índice de homicídios da Rússia (11,31), República Dominicana (10,50), Costa Rica (11,77) e Panamá (11,38). O dobro do índice apresentado nos EUA (6,84) e onze vezes maior que o apresentado em Portugal (0,80).
Desigualdade e violência
Os números também nos apontam as áreas mais violentas do DF. Nada que venha a alterar a realidade desde 2018. Temos índices muito desiguais. Lago Sul, Park Way e Octogonal/Sudoeste tem índices comparáveis a países com violência letal baixíssima. Apesar da redução dos índices, ainda temos regiões com mais violência letal que outras. Fercal, Paranoá e Estrutural apresentam índices mais altos. O que podemos observar é que a diferença de poder aquisitivo e a densidade demográfica/habitacional, assim como a urbanização e acesso aos serviços públicos (saúde, iluminação, limpeza urbana, etc), bem como a maior ou menor atuação do tráfico de drogas são fatores que influenciam na diferença entre essas localidades.
Outro ponto que merece destaque é o perfil das vítimas: mais de 80% são homens, negros e jovens, com idade entre 12 e 29 anos. O instrumento empregado continua sendo a arma de fogo, com mais de 75% dos casos.
Tendência alarmante
O ponto negativo das pesquisas é que, mesmo com a diminuição das mortes violentas, o crime que mais cresce no Distrito Federal é o feminicídio. A comparação do ano de 2022 com o ano de 2023 nos mostra que houve um aumento de 100%. Passou de 17 para 34. As tentativas tiveram aumento maior, de 110%. De 37 tentativas para 78. E o número continua alto nesses meses de 2024. Em janeiro e fevereiro tivemos 05 casos. As estatísticas nos mostram que 67,6% dessas vítimas sofreram algum tipo de violência antes do feminicídio e mais de 60% não fizeram a ocorrência policial para se protegerem. Os crimes aconteceram dentro da residência (mais de 65%) e os autores tinham antecedentes criminais (90%).