Informação e inclusão se misturam em um projeto audiovisual que, enquanto mostra trajetórias de vida, também apresenta direitos garantidos às pessoas com deficiência. A websérie Caminhos da Inclusão é composta por 12 episódios, lançados semanalmente, com menos de 20 minutos cada um.
Com sensibilidade e bom humor, o especial é transmitido pelo canal da web Vai Curupira e tem apresentação dos paratletas Aloísio Lima e Guilherme Costa, ambos tetraplégicos e medalhistas paralímpicos na modalidade tênis de mesa, e do advogado e produtor audiovisual Rafael Vargas.
Com fomento de R$ 85 mil do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), a produção traz, em cada episódio, a história de vida de um convidado com deficiência. O combate ao preconceito e ao capacitismo não fica de fora do roteiro. As temáticas dos episódios foram respaldadas por especialistas que convivem com a questão da inclusão por meio de experiência própria ou de parentes próximos, tratando desde o direito à moradia até os benefícios do INSS, baseando-se no Estatuto da Pessoa com Deficiência.
O material conta com recursos de acessibilidade como legendas, interpretação em libras e participação de pessoas com deficiências em todas as etapas do projeto.
Os vídeos produzidos pelo canal são usados como material informativo aos pacientes do Hospital Sarah Brasília, instituição onde os produtores costumam realizar palestras. Entre o público do canal estão pessoas com deficiências e seus familiares, além de profissionais que trabalham com a comunidade PCD.
Informação transformadora
Aloísio Lima e Guilherme Costa se conheceram em 2009 durante um torneio de tênis de mesa. O projeto surgiu após os idealizadores perceberem a carência de material informativo para tratar das limitações no dia a dia de pessoas com deficiência.
“Queríamos compartilhar o conhecimento que adquirimos em anos de seleção, com a pitada de humor que eu e ele (Aloisio) temos. O objetivo é apresentar as possibilidades para que uma pessoa no interior, quando jogue no YouTube, tenha acesso a esse material”, explica Guilherme. “Existem direitos, por exemplo, que eu descobri só quando fui gravar a série”, acrescenta.
Guilherme tem 32 anos e se tornou paraplégico em 2006, quando tinha 14 anos, após sofrer um atropelamento. Antes do acidente praticava esportes como natação, capoeira, basquete, futebol e jiu-jitsu. Inicialmente como um passatempo e uma atividade fisioterápica, o tênis de mesa não apenas acelerou a recuperação dele, como abriu caminho para que ele se tornasse um atleta paralímpico.
Para ele, o esporte é uma ferramenta transformadora, assim como o poder da informação. “Eu tenho muito orgulho desse projeto, que é bem gravado e editado para levar ao brasileiro comum toda essa bagagem, com as possibilidades extraordinárias de viver e levar a vida, porque ela continua. O esporte é tudo na minha vida, tenho experiências internacionais por causa dele, consigo pagar minhas contas e ganhei uma medalha paralímpica pelo Amazonas”, pontua.
Os episódios da websérie estão disponíveis gratuitamente no YouTube e contam histórias como a da primeira jornalista cadeirante do Brasil e de outros personagens, como uma influencer com síndrome de Down, uma cantora do espectro autista, uma pianista com nanismo, um gamer que joga com os pés, entre outras trajetórias.