No mês da Consciência Negra, discute-se a questão do racismo no Brasil nos mais diversos meios. O tema aparece na mídia, em eventos, em rodas de conversa… Dentre as publicações que li, verifiquei um estudo (pesquisa encomendada pelo Instituto de Referência Negra Peregum e Projeto Seta, e realizada pelo IPEC) que me chamou atenção por motivos diversos, mas em particular por destacar que 81% dos pesquisados considera o Brasil um país racista; 51% afirmam já ter presenciado situações de racismo; e o mais grave, 38% dos entrevistados sofreram racismo na escola e instituições de educação superior.
O ambiente escolar, que deveria ser um espaço de aprendizagem, desenvolvimento e acolhida, muitas vezes torna-se palco de uma triste realidade: o racismo. Esta forma de discriminação, enraizada em preconceitos e estereótipos, manifesta-se de maneiras as mais diversas, afetando profundamente a experiência educacional de estudantes de diferentes origens étnicas. O racismo, no ambiente escolar, não se restringe a atitudes flagrantes. Inúmeras vezes são sutis, porém profundamente arraigadas, como microagressões, exclusão social e estigmatização.
Desafios na luta contra o racismo
Tais práticas têm um impacto duradouro na autoestima e no desempenho acadêmico dos estudantes vítimas, criando barreiras que dificultam seu pleno desenvolvimento. Um dos desafios fundamentais na luta contra o racismo nas escolas é a conscientização. Professores, alunos e funcionários devem estar cientes da existência desse problema e comprometidos em erradicá-lo. Os esforços para combater o racismo também devem envolver a comunidade escolar como um todo. A parceria entre escolas, famílias e comunidades locais é crucial para criar um ambiente de aprendizagem que valorize a diversidade e celebre a pluralidade étnica e cultural.
Nesse sentido, há que se promover a diversidade no currículo, apresentando diferentes perspectivas culturais e históricas, posto que, só por meio do conhecimento, se pode trazer o respeito às diversidades. Outro ponto essencial é o estímulo à empatia. É importante que os estudantes compreendam as experiências e desafios enfrentados por colegas de diferentes origens e minorias. O caminho está em estabelecer um diálogo aberto sobre racismo e diversidade que se traduza na construção de uma mentalidade antirracista.
A implementação de políticas antidiscriminatórias e a criação de mecanismos eficazes para denunciar e lidar com casos de racismo são passos práticos que as escolas devem adotar. Essas medidas não apenas responsabilizam os infratores, mas também enviam uma mensagem clara de que o ambiente escolar é um espaço seguro e respeitoso para todos.