Uma pesquisa recente, divulgada na quarta-feira (22) pela Genial/Quaest, revela uma queda de quatro pontos na aprovação do governo Lula (PT) em comparação com o levantamento realizado há dois meses. Os números indicam que 38% dos entrevistados avaliam o governo de forma positiva, enquanto 29% expressam avaliações negativas, representando um aumento em relação aos 24% registrados em agosto.
Felipe Nunes, diretor do instituto, afirma que “a deterioração na aprovação do governo pode ser atribuída à piora na avaliação econômica e à persistência da polarização política no país”. De acordo com a pesquisa, 32% dos entrevistados acreditam que a economia brasileira piorou nos últimos meses, um aumento significativo de nove pontos percentuais em relação aos dados de agosto. Enquanto isso, o índice dos que consideram uma melhoria na economia permanece estável em 33%.
Nunes destaca a dualidade nas percepções, observando que “57% dos apoiadores de Lula acreditam em melhorias econômicas”, enquanto “56% dos seguidores de Bolsonaro têm a visão oposta”. Essa divisão reflete a contínua polarização no Brasil, mesmo após um ano.
A piora na avaliação econômica, segundo o diretor da Quaest, está relacionada à percepção generalizada de que “os custos de serviços básicos, como água, luz e telefone, aumentaram nos últimos meses”. Além disso, há uma compreensão de que “os preços dos alimentos e dos combustíveis também apresentaram elevação”.
Outro fator relevante apontado pela pesquisa é a expectativa pessimista em relação ao futuro, com uma queda de nove pontos percentuais na parcela da população que acredita que as condições irão melhorar. No entanto, a maioria ainda mantém um otimismo cauteloso, com “50% acreditando em melhorias”.
Nunes também destaca a dificuldade do governo em comunicar notícias positivas em meio a um cenário em que “36% dos entrevistados afirmam ter ouvido mais notícias negativas do que positivas”. Políticas sociais já estabelecidas do PT, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o aumento do salário mínimo e a atuação do Brasil no conflito Hamas/Israel, são apontadas como pontos positivos. Por outro lado, questões da última campanha, como corrupção e relação com a Venezuela, continuam a gerar impacto negativo.
Divisões e percepções
Um aspecto curioso revelado pela pesquisa é a percepção sobre as viagens presidenciais. Cerca de “55% dos entrevistados acreditam que as viagens são excessivas”, sendo que “49% avaliam que não trouxeram benefícios ao país”.
A situação das enchentes na região Sul também foi abordada, destacando uma divisão de opiniões sobre a atuação do governo. Enquanto “43% consideram que a ajuda foi fornecida ‘no tempo certo’”, “42% acredita que houve demora”. A resiliência da polarização eleitoral de 2022 é evidente, refletindo-se nas percepções divergentes entre os eleitores de Lula e Bolsonaro.
A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 19 e 22 de outubro, com uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais.