Brasil e México impedem resolução da OEA sobre fraude eleitoral na Venezuela

Abstenção brasileira marca decisão histórica que divide opiniões na OEA

Giza Soares
Por Giza Soares 3 Min Leitura
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Lula da Silva durante a sessão da OEA em que a abstenção do Brasil foi decisiva para barrar a resolução contra a Venezuela | Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Organização dos Estados Americanos (OEA) enfrentou um impasse decisivo nesta semana. Em uma votação marcada por intensos debates, a tentativa de condenar a fraude eleitoral e a repressão na Venezuela, supostamente ordenada por Nicolás Maduro após as eleições presidenciais de domingo, não obteve sucesso. A resolução, apresentada por Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Paraguai, exigia que o regime venezuelano divulgasse as atas de votação e cessasse a perseguição política. No entanto, foi barrada por um grupo de países liderados por Brasil e México, que optaram pela abstenção.

A votação, que necessitava de 18 votos favoráveis para aprovação, contou com 17 estados membros a favor, 11 abstenções e 5 ausências. As ausências foram contabilizadas como negativas, resultando na rejeição do projeto. Esta decisão destacou as divisões regionais e a complexidade geopolítica que permeia a OEA.

Abstenções Cruciais

Os Estados Unidos, junto com Argentina, Equador e Paraguai, esperavam alcançar um consenso e evidenciar as divisões regionais durante o debate. Porém, Brasil e México, ao se absterem e trabalharem nos bastidores, conseguiram obter 11 abstenções de países que têm dependência energética da Venezuela ou laços geopolíticos com aliados internacionais como China e Rússia.

A postura de líderes como Lula da Silva e Andrés Manuel López Obrador (AMLO) contrasta fortemente com a de figuras como Javier Milei, da Argentina, e Santiago Peña, do Paraguai, que se uniram para condenar o governo venezuelano. Os Estados Unidos tentaram exercer sua influência regional para impor limites à repressão ilegal, mas a iniciativa não prosperou.

Debate Intenso

Por oito horas, os membros da OEA negociaram intensamente um projeto de resolução que buscava refletir um consenso político. Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile defenderam uma postura mais firme contra os abusos de Maduro. Em contrapartida, Brasil, Bolívia, Colômbia e México apoiaram uma abordagem menos contundente, que não colocasse o regime venezuelano sob intensa pressão.

A decisão da OEA revela não apenas a complexidade das relações diplomáticas na América Latina, mas também a influência persistente de alianças geopolíticas. A abstenção brasileira, em particular, marca uma posição estratégica que ressoa globalmente, deixando claro que a política internacional na região é um jogo de xadrez com muitas peças e interesses em jogo.

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