Jovens que consomem álcool, nicotina e cannabis têm mais pensamentos suicidas

Pesquisa do Massachusetts Hospital Geral e Universidade de Minnesota destaca associações preocupantes entre álcool, nicotina, cannabis e riscos psiquiátricos entre adolescentes

Flávia Marinho
Por Flávia Marinho 3 Min Leitura
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Imagem: Tânia Rêgo
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Um recente ensaio publicado na Jama Pediatrics explorou as interconexões complexas entre o uso de substâncias, pensamentos suicidas e comorbidades psiquiátricas entre estudantes do ensino médio. O estudo, conduzido por pesquisadores do Massachusetts Hospital Geral (MGH) e da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, revelou que adolescentes que consomem álcool, nicotina ou cannabis têm uma prevalência de ideação de morte cinco vezes maior.

A pesquisa, baseada em dados de mais de 15 mil adolescentes, utilizou questionários abordando o uso de substâncias como álcool, cannabis e nicotina, bem como sintomas psiquiátricos, incluindo pensamentos suicidas, sintomas depressivos ou de ansiedade, experiências psicóticas e falta de atenção ou hiperatividade.

O autor sênior, Randi M. Schuster, professor associado de psicologia no Departamento de Psiquiatria do MGH, destacou a busca por determinar associações dependentes da dose entre o uso de substâncias e vários sintomas psiquiátricos em uma grande amostra de estudantes do ensino médio.

Resultados

Os resultados indicaram que a ingestão de álcool, o uso de cannabis e de nicotina estavam relacionados ao aumento na prevalência de pensamentos suicidas, sintomas de depressão e ansiedade, experiências psicóticas e sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Por exemplo, os pensamentos suicidas foram aproximadamente cinco vezes mais prevalentes entre estudantes que faziam uso diário ou quase diário dessas substâncias, em comparação com aqueles que não o faziam. Mesmo entre os estudantes com níveis de consumo relativamente baixos, foram detectados aumentos nos sintomas psiquiátricos.

O autor principal, Brenden Tervo-Clemmens, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Minnesota, enfatizou a necessidade de abordar de maneira abrangente as metas que vão além do uso de substâncias, apoiando a ideia de que os esforços de rastreio, prevenção e intervenção devem considerar as necessidades multifacetadas de saúde mental de todos os adolescentes que fazem uso de substâncias.

Juliana Gebrim, psicóloga pela Universidade de Brasília (UnB) e neuropsicóloga pelo Instituto de Psicologia Aplicada e Formação de Portugal (Ipaf), ressaltou que, em alguns casos, o uso de substâncias é uma tentativa de lidar com problemas, mas alertou que isso pode agravar questões mentais. Ela destacou a importância de abordar tanto o uso quanto os transtornos mentais de forma integrada, oferecendo suporte e intervenções adequadas para os estudantes.

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