Vivemos em uma era em que a preocupação com a saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque. À medida que compreendemos melhor a complexidade da conexão entre mente e corpo, torna-se evidente que a alimentação desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar mental. Como nutricionista, acredito firmemente que uma abordagem consciente em relação aos alimentos pode ser um aliado valioso na busca por uma saúde mental robusta.
Fatores que comprometem a saúde mental
O comprometimento da saúde mental é resultado de uma gama de fatores: genéticos, sociais, ambientais, psicológicos e biológicos. Alguns não estão no nosso controle ou são extremamente difíceis de mudarmos; outros, porém, são modificáveis: o que comemos, atividades físicas, o sono, uso de substâncias. Reconhecer esses fatores pode ser o primeiro passo para tomarmos consciência desse comprometimento mental.
O que sabemos hoje, por meio da literatura, é que existe uma associação entre padrões de alimentação com melhor qualidade e menor risco de desenvolvimento de alguns transtornos como depressão e ansiedade.
Você pode estar questionando: e o que seria essa alimentação de melhor qualidade? O nosso Guia Alimentar para a População Brasileira traz uma minuciosa e fácil leitura sobre esse tema. Podemos lembrar sempre o lema “descasque mais e desembale menos”, ou seja, faça da base de sua alimentação os alimentos mais naturais e menos ultraprocessados.
Nosso cérebro é uma máquina complexa que requer uma variedade de nutrientes para funcionar adequadamente. Vitaminas, minerais, ácidos graxos, ômega-3 e aminoácidos são componentes essenciais que desempenham papéis cruciais na saúde mental. Estudos têm associado a deficiência desses nutrientes a distúrbios como depressão e ansiedade. Dessa forma, a escolha de uma alimentação o mais equilibrada possível e rica em nutrientes é um passo significativo na promoção da saúde mental.
Alimentos que influenciam o estado emocional
Certos alimentos atuam como verdadeiros impulsionadores da produção de neurotransmissores, substâncias químicas que desempenham um papel vital em nosso humor e comportamento. O triptofano, precursor da serotonina, é encontrado em alimentos específicos e pode influenciar positivamente nosso estado emocional. Como nutricionista, incentivo meus pacientes a incorporarem alimentos ricos em triptofano, como: carnes brancas, produtos lácteos, nozes e sementes, banana, kiwi dentre outros.
Manter níveis estáveis de glicose no sangue também é importante para a função cerebral.
Flutuações nos níveis de açúcar podem afetar diretamente nosso humor e cognição. Recomendo uma abordagem que inclua fibras, proteínas e gorduras de boa qualidade para manter esses níveis estáveis, proporcionando um ambiente propício ao funcionamento cerebral eficiente.
Além de sua função na digestão, o intestino abriga um complexo ecossistema de bactérias benéficas que desempenham um valioso papel na saúde mental. A fascinante relação entre o microbioma intestinal e o cérebro destaca a importância do cuidado com o intestino.
Recomendo a ingestão de alimentos ricos em antioxidantes e probióticos. Os antioxidantes fornecem vitaminas e compostos que protegem as células contra danos, promovendo a saúde. Exemplos desses alimentos: Frutas vermelhas, cítricas, vegetais de folhas verdes, nozes, sementes, legumes, chá verde, cacau e especiarias. Alimentos probióticos são ricos em bactérias benéficas que promovem a saúde intestinal. Alimentos probióticos incluem iogurte, kefir, chucrute, kimchi, picles fermentados, missô, tempeh e coalhada. Ambos os grupos favorecem um ambiente propício à saúde mental.