Na terça-feira, 05/12, a Polícia Federal deflagrou uma operação que desvendou uma associação criminosa de tráfico ilícito de armas para as principais organizações criminosas do Brasil – principalmente do Rio de Janeiro e de São Paulo. Além de exportação ilegal para Europa e outros países da América do Sul. Armas importadas por empresa sediada em Punta del Este/Paraguai que foi responsável pela importação de milhares de armas, fuzis e pistolas croatas, turcas, tchecas e eslovenas.
O absurdo da investigação é que, referida empresa, raspava os números de registros de armas e movimentou mais de R$ 1,2 bilhão de reais. A investigação começou com 67 apreensões de armas (659 armas no território brasileiro), realizadas em 10 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará. Contou com a cooperação internacional do Paraguai e Estados Unidos, onde a operação também foi deflagrada.
A investigação iniciou-se com uma prisão em 2020, na Bahia, mais especificamente em Vitória da Conquista. Um homem foi preso com dois fuzis e 23 pistolas, além de carregadores em suas malas. Foram três anos de investigações.
O nome DAKOVO é referência à cidade Croata que servia de “hub” para a organização criminosa. Foram presas cinco pessoas no Brasil e 11 no Paraguai. Importante citar que, inclusive, o ex-comandante da Força Aérea Paraguaia foi preso. O principal alvo, o argentino dono da empresa investigada, Diego Hernan Dirísio – dono da IAS, continua foragido. Ele lavava o dinheiro ilegal adquirido em Miami, de onde o dinheiro era transferido para vários outros CNPJs. Hoje é considerado o maior contrabandista de armas da América do Sul.
Desmantelando facções criminosas
Apesar de todo o risco e todo o impacto da operação, a mesma conseguiu o êxito do cumprimento dos mandados sem qualquer disparo de arma de fogo ou mortes. Ou seja, atingiu as fontes de financiamento e logística de armas das principais facções criminosas com investigação, planejamento e trabalho sinérgico com outras polícias.
A operação demonstra que precisamos ter mais investimentos nesse tipo de investigação. Que afeta diretamente as estruturas do crime organizado. Para isso, além de investimentos em Recursos Humanos e tecnologia, é necessária a modernização da legislação penal e processual penal. Dar aos policiais envolvidos, além de salários e estrutura, garantias legais e processuais para, respeitando os direitos dos investigados, chegar ao resultado de forma célere e eficiente. E o judiciário também julgar de forma rápida, demonstrando a necessidade de combate à logística, estrutura e dinheiro das organizações criminosas.