Senador Moro e os dados que o desmentem

A Polícia Federal, em ação contra o crime e a corrupção, contradiz a narrativa do senador

Flavio Werneck
Por Flavio Werneck  - Segurança Pública 3 Min Leitura
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Sergio Moro é questionado pelos próprios númerosImagem: Jefferson Rudy/Agência Senado
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Fomos surpreendidos esta semana com a fala do senador Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, que atacou a Polícia Federal e, mais diretamente, sua Direção-Geral, afirmando: “Tigrão com os manifestantes do 8/1 e uma moça com a corrupção e o crime organizado”.

O senador, que já comandou o Ministério da Justiça, parece ignorar — ou esquecer — os dados concretos da atuação da PF. Uma análise simples dos números de 2024 desmonta sua afirmação que além de machista é completamente infundada:

  • – Prejuízo às organizações criminosas: R$ 5,6 bilhões causados às facções, um aumento de 70% em relação a 2023.
  • – Operações integradas (Ficco’s): 222 ações, R$388 milhões apreendidos e 1.032 presos.
  • – Combate ao narcotráfico: 76% mais plantações de maconha erradicadas (737.950 pés), 15% mais drogas apreendidas e 7.405 toneladas de cocaína (alta de 2,8%). O ecstasy teve 20,7% mais apreensões.
  • – Redução de armas: 2.741 armas e 220.082 munições retiradas das ruas, além de 30% menos portes concedidos.
  • – Crimes ambientais: 30% de queda no desmatamento ilegal.
  • – Crimes cibernéticos: 174 crianças e adolescentes resgatados de abuso online.

PF em ação: corrupção sendo investigada

Enquanto o senador critica sem qualquer fundamento, a Polícia Federal age. Um exemplo recente é a Operação Overclean, uma das maiores investigações de corrupção do Brasil:

Desvio estimado de R$ 1,4 bilhão.

Mais de 100 investigados, incluindo membros de oito partidos — entre eles, o do próprio senador Moro.

Crimes apurados: corrupção, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e obstrução da justiça.

Eficiência da PF x Gestão de Moro

A PF opera com eficiência que lhe é histórica, mesmo com estrutura defasada. Pergunta-se: o que o senador fez para melhorá-la quando foi ministro?

  • – Nenhum plano anticorrupção foi realmente implementado em sua gestão (2019–2020).
  • – Troca de comando: durante seu ministério, a Direção-Geral da PF foi alterada em meio a suspeitas de interferência política (Fonte: O Globo).

E para por fim nessa discussão

A Lei que incluiu os artigos, Lei 14.197, foi aprovada em 01/09/2021, ou seja, tramitou durante sua gestão no MJ e foi aprovada cerca de 5 meses após sua saída. Ou seja, tudo aprovado sob sua tutela e do governo anterior.

Números não mentem

A Polícia Federal não para: investiga crimes contra a democracia, corrupção e organizações criminosas com resultados superiores aos anos anteriores. Enquanto isso, críticas sem base só revelam oportunismo ou má memória.

Os fatos estão na mesa

A PF continua investigando, com produtividade e regularidade maiores que em anos anteriores. E as investigações continuam em andamento: seja para combater os crimes contra a soberania do Brasil e as instituições democráticas, seja contra a corrupção, lavagem de dinheiro e organizações criminosas.

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Posted by Flavio Werneck Segurança Pública
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Advogado, servidor público, mestre em criminologia e pós-graduado pela Escola do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
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