Tentativa de golpe de estado: denúncia da PGR é apresentada. Confira a lista dos acusados

 Primeira Turma do STF fará o julgamento

Flavio Werneck
Por Flavio Werneck  - Segurança Pública 6 Min Leitura
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O PGR Paulo Gonet formaliza denúncia no STF sobre uma tentativa de golpe de 8 de janeiroImagem: Agência Senado

O Procurador Geral da República, Paulo Gonet apresentou, na quarta-feira (19), denúncia dando andamento ao processo de tentativa de golpe de Estado do dia 08/01/2023. A denúncia tem por base as diversas investigações feitas pela Polícia Federal. Trabalho técnico, árduo e de análise de dados e informações, que se iniciaram em documentos diversos da denominada “operação “Lesa Pátria” e várias outras que sucederam essa primeira operação.

A investigação não está restrita apenas aos atos de vandalismo do dia 08 de janeiro, mas também seu planejamento, financiamento e convocação/impulso formal.
Foram denunciados pela PGR, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; associação criminosa; incitação ao crime.

Confira a lista de denunciados:

  • 1 – Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  • 2 – Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
  • 3 – Alexandre Rodrigues Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin e deputado federal
  • 4 – Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça
  • 5 – Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
  • 6 – Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  • 7 – Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa
  • 8 – Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa
  • 9 – Ailton Gonçalves Moraes Barros
  • 10 – Angelo Martins Denicoli
  • 11 – Bernardo Romão Correa Netto
  • 12 – Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  • 13 – Cleverson Ney Magalhães
  • 14 – Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  • 15 – Fabrício Moreira de Bastos
  • 16 – Filipe Garcia Martins Pereira
  • 17 – Fernando de Sousa Oliveira
  • 18 – Giancarlo Gomes Rodrigues
  • 19 – Guilherme Marques de Almeida
  • 20 – Hélio Ferreira Lima
  • 21 – Marcelo Araújo Ormevet
  • 22 – Marcelo Costa Câmara
  • 23 – Márcio Nunes de Resende Júnior
  • 24 – Mario Fernandes
  • 25 – Marília Ferreira de Alencar
  • 26 – Nilton Diniz Rodrigues
  • 27 – Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  • 28 – Rafael Martins de Oliveira
  • 29 – Reginaldo Vieira de Abreu
  • 30 – Rodrigo Bezerra de Azevedo
  • 31 – Ronald Ferreira de Araujo Junior
  • 32 – Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  • 33 – Silvinei Vasques
  • 34 – Wladimir Matos Soares

Já havíamos dito aqui, em meados do ano passado (Edição 79 – junho 2024) que “as próximas fases prometem passo a frente. A busca dos mentores dos atos contra a democracia brasileira. A PF já tem autorias e materialidade definidas? Cenas dos próximos capítulos.” Estão apresentadas as provas de autoria e materialidade.

De acordo com a denúncia, o ex-presidente Bolsonaro sabia e concordou com o plano de matar o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e mais: desde 2021 vinha trabalhando para que conseguisse implementar uma ditadura no país, com sistemático e contínuo ataque à democracia e às suas instituições. Organizaram ações coordenadas contra as urnas eletrônicas e a eleição.

Reunião com embaixadores e diplomatas

Em 2022 começaram a planejar, “uso de força” como alternativa se viessem a ser derrotados nas urnas. Nesse ponto existe prova inequívoca, nos autos, de que o General Augusto Heleno afirmou: “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições.” Logo após, veio a folclórica reunião convocada com presença de embaixadores e diplomatas para preparar o discurso internacional do planejado golpe de estado.

Dando andamento à tentativa de golpe temos a ação coordenada do Ministério da Justiça, com mapeamento de votação, para dificultar acesso às zonas eleitorais no segundo turno das eleições. O fomento e financiamento de acampamentos em frente aos quartéis pedindo claramente intervenção militar.

Para aqueles que ainda têm alguma dúvida do conteúdo probatório, dentre as abundantes provas, o PGR cita áudio em que Bolsonaro autoriza e espera a execução do planejamento para impedir a posse do governo eleito ainda no mês de dezembro de 2022. E ainda um encontro no palácio do planalto com sua presença, que teria como meta, concretizar os planos de execução/homicídio previstos no “punhal verde amarelo”, contra o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Importante, por fim, lembrar que mais provas devem ser disponibilizadas para que a sociedade Brasileira possa conhecer melhor essa tentativa de golpe. Até o final desse texto, o ministro Alexandre de Moraes tinha derrubado o sigilo do acordo de delação premiada de Mauro Cid.

O processo terá seu curso e a Turma do STF agora analisará se aceita ou não a denúncia apresentada. Em aceitando, o processo penal seguirá seu curso, até que se tenha sentença penal e expedição (ou não) de cumprimentos de pena. A democracia e suas premissas básicas foram atacadas. Todas. Ainda estamos aqui.

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Posted by Flavio Werneck Segurança Pública
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Advogado, servidor público, mestre em criminologia e pós-graduado pela Escola do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
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