Em sua participação na conferência do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizada na Arábia Saudita, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o atual nível de inflação do Brasil, entre 4% e 5%, está dentro do que pode ser considerado normal para o país desde a implementação do Plano Real, há 26 anos. Ele ressaltou que o Brasil superou a inflação de dois dígitos, que foi uma característica de períodos anteriores, e hoje se encontra em uma situação mais controlada, embora com desafios econômicos ainda presentes.
Apesar de a inflação estar em um patamar de um dígito, os números recentes apontam que o Brasil não conseguiu ficar dentro da meta estabelecida pelo Banco Central para 2024. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, ficou acima do teto de 4,5%, com uma taxa de 4,83% no ano passado. Para 2025, as projeções indicam que o índice deve fechar em 5,6%, acima do limite da meta.
Haddad, ao explicar os motivos por trás do aumento da inflação, lembrou que a alta do dólar e questões climáticas, somadas ao aquecimento da economia, impactaram diretamente o aumento de preços. O ministro também enfatizou que o Brasil se viu influenciado por uma valorização do dólar global, o que gerou um aumento de custos no segundo semestre de 2024. Para lidar com essa pressão inflacionária, o Banco Central precisou adotar uma política de aumento das taxas de juros.
Expectativas para a taxa de juros e estabilidade econômica
No entanto, o cenário começou a mostrar sinais de melhora recentemente, com a valorização do real. Para Haddad, esse movimento pode ajudar a estabilizar os preços no curto prazo, com uma queda de 10% no valor do dólar nos últimos dois meses. Ele acredita que essa tendência vai contribuir para o controle da inflação.
Em relação à política monetária, a expectativa é que a Taxa Selic, atualmente em 13,25%, suba para 14,25% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março. A medida é uma tentativa de conter os efeitos da inflação persistente.
Durante o evento, o ministro também falou sobre a reforma tributária que entrou em vigor no final de 2024 e destacou que ela será um pilar fundamental para o crescimento econômico nos próximos anos. Segundo Haddad, o Brasil segue comprometido com a busca por equilíbrio fiscal, em meio a um contexto de incertezas globais e desafios internos.
Brasil e o legado no G20
Ao lado de autoridades do FMI, o ministro também lembrou do legado deixado pela presidência brasileira no G20, em que o país promoveu a discussão sobre a regulação sustentável da globalização, com foco em um desenvolvimento econômico inclusivo e na transição para energias limpas.
Enquanto isso, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, reforçou a importância da adaptação das economias emergentes aos choques globais, como a pandemia de Covid-19 e os impactos das mudanças climáticas. Para ela, a resiliência é o caminho necessário para que essas economias possam absorver e antecipar os efeitos das crises externas, garantindo sua sustentabilidade a longo prazo.