HRSM tem grupo que ajuda a tratar pacientes com fibromialgia

Doença causa dor crônica e acomete, principalmente, mulheres entre 30 e 50 anos

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O tratamento para a fibromialgia é multidisciplinar para que o paciente mantenha bem e funcional Imagem: Alberto Ruy/IgesDF
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A campanha Fevereiro Roxo é dedicada para dar visibilidade à fibromialgia, condição que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, a doença se manifesta em pelo menos 2,5% da população adulta no Brasil. Ela pode ser acompanhada de outras patologias que também causam sintomas semelhantes, potencializando a carga da doença e diminuindo a qualidade de vida. Além disso, a fibromialgia pode ter um componente familiar genético envolvido.

A reumatologista do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Tainá Carneiro, explica que a fibromialgia é uma síndrome complexa cujo principal sintoma é a dor difusa, em qualquer área do corpo, de maneira contínua ou intermitente, piorada com a movimentação. Ela é acompanhada de sintomas como fadiga, alterações do sono, alterações do humor, alterações da cognição e memória e sensações como dormências, formigamentos, choques.

Segundo a médica, nem todos os sintomas podem estar presentes em todas as pessoas, e não precisam estar presentes concomitantemente. Por isso, a fibromialgia é uma doença que se manifesta diferente em cada indivíduo, tornando o diagnóstico por vezes desafiador e o tratamento e acompanhamento personalizados. “Não existe receita de bolo no tratamento da dor crônica. Cada paciente possui particularidades que precisam ser abordadas individualmente. A dor envolve aspectos físicos, emocionais e sociais que precisam fazer parte da abordagem”.

O tratamento é multidisciplinar para que o paciente mantenha bem e funcional. Os quatro pilares principais do tratamento envolvem medicamentos, psicoterapia, terapias como biofeedback (ajuda a controlar funções corporais involuntárias, como a frequência cardíaca e a respiração) e atividade física. “Apesar dos pacientes com dor crônica experimentarem uma aversão ao movimento (cinesiofobia), o exercício físico é fundamental para a melhora do sono, da fadiga e dos sintomas dolorosos. Estudos mostram que a atividade física também é importante para diminuir os sintomas depressivos e ansiosos que podem acompanhar o diagnóstico de fibromialgia.

Possíveis causas

Gatilhos estressores como outras dores crônicas, traumas físicos e emocionais, sobrecarga articular e sedentarismo podem ser o gatilho para desenvolvimento da fibromialgia. De acordo com Tainá, as mulheres são mais acometidas do que os homens, principalmente na faixa etária dos 30 aos 50 anos. Porém, idosos, adolescentes e crianças também podem ser acometidos pela enfermidade. “Hábitos de vida saudáveis, atividade física regular e terapias de relaxamento são fundamentais para o tratamento e prevenção das crises de piora da doença”, ressalta a médica.

Hoje, o reumatologista é o médico responsável pelo diagnóstico e manejo da doença, porém, médicos da atenção primária à saúde, clínicos gerais e ortopedistas devem estar familiarizados com o tratamento, diagnóstico e manejo de crises e sintomas.

Gatilhos estressores como outras dores crônicas, traumas físicos e emocionais, sobrecarga articular e sedentarismo podem ser o gatilho para desenvolvimento da fibromialgia

Grupo de dor crônica

Para ajudar pacientes com a doença e outras enfermidades que podem gerar desconforto ou dificultar nas atividades do dia a dia, o HRSM, criou, desde agosto de 2023, o Grupo de Dor Crônica. Os encontros são para os pacientes que estão fazendo acompanhamento com os reumatologistas e ortopedistas do ambulatório do HRSM e, após avaliação dos profissionais, se enquadram nos critérios de pacientes com dores crônicas. “O objetivo do grupo é proporcionar estratégias de enfrentamento para os pacientes com dores crônicas. Entender que a dor crônica é uma condição e como é possível a pessoa ser ativa para o seu tratamento, via psicoeducação e ferramentas de enfrentamento”, explica a chefe do Serviço de Psicologia e especialista em dor crônica, Paola Palatucci Bello.

Com o intuito de aprimorar a qualidade de vida diante das limitações físicas e dos desafios cotidianos impostos pela dor crônica, a abordagem adotada busca explorar diferentes estratégias ao longo de 12 encontros, realizados todas às quintas-feiras pela manhã. Essas estratégias variam desde psicoeducação até técnicas de mindfulness, com a colaboração de uma equipe de especialistas de diferentes áreas.

A equipe é composta por psicólogos, fisioterapeutas, médicos reumatologistas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas. São profissionais que unem forças para ir além do tratamento convencional e proporcionar estratégias de enfrentamento e conscientização do papel dos pacientes em seu próprio tratamento. “Hoje, a maioria dos pacientes que participam do Grupo de Dor Crônica possui fibromialgia. Trabalhamos com eles a higiene do sono, dietas anti-inflamatórias, psicoeducação e utilizamos técnicas de mindfulness para fortalecer a atenção concentrada dos pacientes, visando sempre estratégias de enfrentamento”, ressalta Paola.

O tratamento necessita de abordagem multidisciplinar, entre elas, a fisioterapia desempenha um papel bastante significativo. Em todos os encontros, são realizados exercícios adaptados para trabalhar alongamento e analgesia. O programa também incorpora a auriculoterapia, uma técnica derivada da acupuntura, que aplica pressão em pontos específicos da orelha para tratar vários tipos de dores. Essa prática terapêutica visa não apenas o bem-estar físico, mas também o equilíbrio emocional.

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