As síndromes gripais são comuns em crianças e adolescentes, e na maioria das vezes evoluem sem grandes complicações. No entanto, em alguns casos, infecções secundárias podem surgir, causando inflamações específicas, como amidalite, laringite e otite. Cada uma dessas condições tem sintomas distintos, mas todas compartilham um ponto em comum: são desencadeadas ou agravadas por vírus e bactérias que afetam as vias respiratórias. Saber identificá-las e reconhecer quando procurar um médico faz toda a diferença no tratamento e na recuperação da criança.
A amidalite é a inflamação das amígdalas, estruturas localizadas na parte posterior da garganta e responsáveis por ajudar na defesa contra infecções. Os principais sintomas incluem dor intensa na garganta, dificuldade para engolir, febre alta e, em alguns casos, placas de pus nas amígdalas. Já a laringite, que afeta a laringe (onde ficam as cordas vocais), manifesta-se principalmente por rouquidão, tosse seca e, em crianças pequenas, a famosa “tosse de cachorro”, acompanhada de dificuldade para respirar.
A otite, por sua vez, é a inflamação do ouvido médio e pode causar dor intensa, febre, irritabilidade e, em bebês, dificuldade para dormir ou recusa alimentar.
Tratamentos
Apesar das semelhanças nos gatilhos, essas condições têm tratamentos distintos. A amidalite pode ser viral ou bacteriana; a versão viral melhora sozinha, enquanto a bacteriana pode exigir antibióticos, especialmente nos casos causados pelo estreptococo do grupo A, que pode levar a complicações como febre reumática. A laringite é geralmente viral e tratada com repouso vocal, hidratação e, em casos mais graves, corticoides para reduzir o inchaço da laringe. Já a otite pode ser viral ou bacteriana, e o uso de antibióticos é recomendado apenas quando há sinais claros de infecção bacteriana.
Sinais de alerta
Os sinais de alerta para essas doenças variam. Na amidalite, febre alta persistente, dificuldade extrema para engolir e placas de pus são indicativos de infecção bacteriana. Na laringite, a dificuldade para respirar e o chiado no peito requerem atenção imediata, pois podem indicar obstrução das vias aéreas. Na otite, dor intensa no ouvido, secreção purulenta e febre alta são sinais de infecção avançada e demandam avaliação médica.
Em Brasília, onde o clima seco contribui para o aumento de infecções respiratórias, é comum ver surtos de laringite e otite em períodos de baixa umidade. Dados do Hospital da Criança de Brasília mostram que as consultas por otite aumentam em até 30% durante os meses mais secos. Além disso, a incidência de amidalite bacteriana entre crianças em idade escolar é alta, especialmente naquelas que frequentam creches e escolas.
Pesquisas recentes indicam que o uso excessivo de antibióticos em infecções de garganta e ouvido é um problema global.
Um estudo publicado no The Lancet apontou que mais de 60% dos casos de amidalite em crianças são virais e não exigem antibióticos, mas, ainda assim, muitas são tratadas de forma inadequada. O mesmo ocorre com otites virais, onde o tratamento deve focar no controle da dor, e não no uso indiscriminado de antibióticos.
Entre os mitos mais comuns está a ideia de que tomar sorvete causa amidalite. Na verdade, o frio pode aliviar temporariamente a dor na garganta, mas não é a causa da inflamação. Outro equívoco é acreditar que todo caso de laringite exige antibióticos — quando, na maioria das vezes, repouso e hidratação são suficientes para a recuperação.
A prevenção dessas condições passa por medidas simples, como evitar contato próximo com pessoas gripadas, manter as mãos sempre limpas e fortalecer a imunidade com alimentação equilibrada e sono adequado. A vacinação contra gripe e pneumococo também desempenha um papel importante na redução de complicações respiratórias.
O acompanhamento com um pediatra é essencial para diferenciar uma infecção viral de uma bacteriana e indicar o tratamento correto. Pais bem informados evitam automedicações desnecessárias e garantem que seus filhos recebam o cuidado adequado para cada quadro clínico.
Concluindo, amidalite, laringite e otite são complicações comuns das síndromes gripais, mas com diagnóstico correto e tratamento adequado, a maioria das crianças se recupera bem. O mais importante é estar atento aos sinais de alerta e buscar orientação médica sempre que necessário, garantindo uma recuperação tranquila e segura.