Nesses últimos meses nos deparamos com flagrantes de violência policial no estado de São Paulo. Um aumento de mortes cometidas por policiais militares de 98% nos últimos dois anos. Vários casos emblemáticos: o da abordagem que culminou com uma cena absurda de “lançamento” de um homem da ponte na zona sul de São Paulo; o caso da idosa que foi agredida em Barueri/SP; morte com seis tiros nas costas de um investigado que furtava produtos de limpeza em um mercado na zona sul de SP; do estudante de medicina baleado dentro de um hotel e; a execução de um empresário no aeroporto de São Paulo, dentre outros que foram narrados pelos meios de comunicação.
O fato é que a violência policial, de uma forma mais contundente ou menos incisiva, vem assombrando o país cotidianamente. Temos cenas e números/estatísticas da violência policial que poderiam ser bem menores ou até inexistentes, com soluções e investimentos nos lugares certos.
Dados alarmantes no Rio de Janeiro pelo FBSP
Para termos uma ideia, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública apresentou pesquisa alarmante do Rio de Janeiro. A média de homicídios nos bairros dominados pelas milícias é de 218,3 mortos por 100 mil habitantes! A média do nosso país é de 22,8 por 100 mil.
Monitoramento eletrônico
Voltando ao tema violência e abusos policiais, o debate no Brasil tem que melhorar e evoluir urgentemente. Hoje, por um lado temos a tentativa de justificar o autoritarismo, os abusos, os crimes cometidos, em troca de uma mentirosa sensação de segurança. De outro uma abordagem superficial, empírica de que precisamos colocar “guiso no bode”. Ou seja, que a polícia tem que ser controlada por meio de câmeras, sensores, dispositivos de localização e outros meios de forma ininterrupta, quase um “minority report”.
Deixo claro que sou a favor do uso de tecnologia, câmeras e outros meios para MELHORAR A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A SOCIEDADE. Com policiais treinados para seu uso. Ela deve estar ligada sim e sempre que o policial estiver em operação. Mas não deve acompanhá-lo, por exemplo, nos inúmeros banheiros diários ou em situações de inércia. Isso tudo a tecnologia que temos tira de letra.
Para termos DIREITOS HUMANOS aplicados na segurança pública brasileira, temos um longo caminho. Digo longo porque ignoramos as melhorias que nossa segurança pública precisa. Estamos há 50 anos ouvindo: “precisamos de mais viatura, mais policiais e mais armas”. INEFICIENTES.
As polícias mantêm uma estrutura carcomida pelo autoritarismo! Com assédio moral institucionalizado! Não há qualquer previsão de crescimento profissional. Há ABUSO E ASSÉDIO. NÃO TEMOS DIREITOS HUMANOS PARA OS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA.
A polícia é, em sua grande maioria, treinada para A GUERRA. Não há preparação e treinamento PARA PRESTAR UM SERVIÇO DE SEGURANÇA DE QUALIDADE PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA. Destruição contínua de autoestima. Estudo feito no Distrito Federal assim descreve o ambiente de trabalho:
“Os estudos apresentados caracterizam a existência do assédio moral delineado de forma descendente, inviabilizando o crescimento profissional, assim como, afeta a autoestima e transforma as relações interpessoais no ambiente de trabalho em fontes concretas de destruição da cidadania e dignidade humana”.
Temos vários exemplos exitosos mundo afora. Cidadania, treinamento para prestação de serviço de segurança pública com foco na sociedade e na eficiência, mudança na metodologia do Código de Processo Penal, dentre outros pontos de gargalo. Mas falta vontade política, competência e CORAGEM dos nossos políticos.
OS POLICIAIS BRASILEIROS, EM SUA MAIORIA, NÃO TÊM “DIREITO AOS DIREITOS HUMANOS”. E quem não é treinado para prestar um serviço público de qualidade e não tem o mínimo de respeito nas suas instituições ou cai no MOEDOR DE GENTE DA SEGURANÇA PÚBLICA E VIRA NÚMERO NAS LICENÇAS SAÚDE E ESTATÍSTICA DE MORTE; OU MUITAS VEZES CEDE E VIRA LEÃO DE CHÁCARA/CAPITÃO DO MATO; OU TENTA SOBREVIVER, COM MUITOS HEMATOMAS E VIOLÊNCIAS! A violência interna nas polícias leva a mais violência para a população.