O preço das carnes no Brasil voltou a subir de forma significativa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor médio dos cortes aumentou 2,97% em setembro, registrando o maior salto desde dezembro de 2020, quando a alta foi de 3,58%. Entre os cortes, o contra-filé lidera o aumento, com alta de 3,79%, seguido pela carne de porco, o patinho e a costela, com aumentos próximos de 3%.
André Almeida, gerente do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, explicou que, ao longo dos primeiros seis meses de 2024, o preço das carnes estava mais acessível devido ao aumento no número de abates, o que ampliou a oferta no mercado. No entanto, a situação mudou drasticamente com a chegada da entressafra e a seca prolongada, que reduziram a disponibilidade de carne bovina.
Inflação em alta
Esse cenário contribuiu para a aceleração da inflação, que atingiu 0,44% em setembro, acima dos -0,02% registrados em agosto. Além do aumento no preço das carnes, o grupo de Habitação também influenciou o índice, com alta de 1,80%, impulsionada pelo reajuste nas tarifas de energia elétrica. A mudança da bandeira tarifária de verde para vermelha foi um dos principais fatores para esse aumento, conforme apontou Almeida. Ele destacou que a bandeira vermelha patamar um adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, impactando diretamente no bolso dos consumidores.
Alimentos e energia
No acumulado do ano, a inflação já chega a 3,31%, com um índice de 4,42% nos últimos 12 meses. As altas nos preços da alimentação e bebidas também foram destaque em setembro, com uma variação de 0,50%, impulsionada, além das carnes, pelo aumento nos preços de frutas como laranja, limão e mamão.
Apesar da pressão inflacionária, houve um alívio no grupo de Despesas Pessoais, com queda de 0,31%. A redução mais significativa foi registrada no subitem cinema, teatro e concertos, que teve queda de 8,75%, resultado das promoções realizadas durante a Semana do Cinema.
Com a seca, o clima desfavorável e o impacto da bandeira vermelha, os brasileiros seguem enfrentando desafios no orçamento, especialmente no que diz respeito à alimentação e ao consumo de energia.