Depois de longos seis anos o desfecho do assassinato da vereadora Marielle aponta os mandantes do crime. Importante lembrar que foram anos de letargia. Anos de investigações falseadas e, só após o encaminhamento para a Polícia Federal, conseguimos chegar a esse resultado. Para além das prisões de Chiquinho e Domingos Brazão (deputado federal e membro do TCRJ) e Rivaldo Barbosa (delegado da Polícia Civil do RJ), as investigações indicam que o crime organizado – milícias – cada vez mais lança tentáculos dentro do sistema político e dos órgãos públicos.
O primeiro ponto importante a ser ressaltado é que a Polícia Federal deixa claro, no relatório, as dificuldades encontradas para o andamento da investigação. Um homicídio demanda um local de crime preservado e rapidez na colheita de provas. As provas no crime são, por assim dizer, “perecíveis, apodrecem rápido”. O que não foi feito no caso, indicando já haver interesse em que não houvesse investigação. Até cartuchos das munições usadas e a arma do crime foram de difícil localização para os investigadores. Os investigadores afirmam que as munições (fragmentos) usadas para testar a arma do crime em motel abandonado não puderam ser localizadas porque “um trator fez a limpeza da área entre 2018/2019.
Investigação das Milícias
A investigação indica outros envolvidos no crime. O Major Ronald era um dos responsáveis por levantar o dia a dia de Marielle. Indica ainda, que Laerte Silva de Lima estava dentro do PSOL e passava informações para o Major.
Merece destaque a indicação do então chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa. Um dia antes da morte de Marielle, o mesmo foi indicado. Isso em pleno vigor de intervenção militar no Rio de Janeiro. Rivaldo recebia, segundo os investigadores, uma “mesada” para deixar os homicídios da milícia sem investigação, segundo Orlando Curicica. Mais que isso: “havia tabela. Cada delegacia teria um valor pré-determinado”. Sua companheira tem movimentação financeira suspeita que chega ao valor de 3 milhões de reais.
Teia de Corrupção
Quanto ao “Estado paralelo” citado pelo relatório, importante citar que a PF deixa claro que ele se vale de todo o tipo de força. Seja a corrupção, seja a morte de quem não se dobra aos seus interesses. A morte da vereadora foi encomendada nesse cenário. Ela era “problema” para evolução da teia de corrupção das milicias em áreas determinadas. Deixando claro: no domínio fundiário dessas áreas. Disputa de território, nas palavras do diretor geral da PF Andrei Rodrigues.
Agora o que mais assusta, parafraseando o jornalista Octavio Guedes (G1 – (https://g1.globo.com/politica/blog/octavio-guedes/post/2024/03/27/no-rio-e-todos-contra-um-a-policia-federal.ghtml), é que não houve, até o presente momento, nenhuma manifestação institucional do governador do Rio de Janeiro sobre o assunto. O ministro Gilmar Mendes defendeu a “refundação das polícias”. E está correto. Temos índices pífios de solução de homicídios – e dos demais crimes. Em sentido contrário à resolução de crimes e apoio à Polícia Federal temos que o Governo do Rio tentou impedir a posse do superintendente do estado. Para isso fez todo o esforço. Na política do Rio de Janeiro está difícil saber em quem confiar. O crime é um câncer já com metástase no governo.