Nesta quita-feira (15), uma onda de energia e determinação toma conta da capital do Brasil, à medida que mais de 100 mil mulheres de todas as partes do país – do campo, da floresta, das águas e das cidades – juntamente com representantes de 33 países, se reúnem em Brasília para a sétima edição da Marcha das Margaridas. Organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e suas afiliadas, em parceria com 16 outras organizações, o evento bienal ganha destaque este ano com o lema “Pela Reconstrução do Brasil e Pelo Bem Viver”.
A marcha, que acontece a cada quatro anos, é reconhecida como uma das maiores mobilizações políticas de mulheres na América Latina. Com uma pauta engajada e diversificada, as participantes trazem à tona uma série de demandas críticas, divididas em 13 eixos políticos, que abrangem desde a soberania popular até a inclusão digital.
Diversidade e Representatividade em Destaque
As “margaridas”, como são carinhosamente chamadas as participantes da marcha, são um verdadeiro retrato da diversidade brasileira. Entre elas estão trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, representantes da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos. Juntas, elas compartilham o desejo de um Brasil mais justo, igualitário e sustentável.
Segundo Mazé Morais, coordenadora-geral da Marcha das Margaridas e secretária de Mulheres da Contag, o evento é um resultado de intensos esforços e reuniões desde 2021 em todo o país. “Construímos uma pauta e a entregamos ao governo [federal] em 21 de junho. A nossa expectativa é que as autoridades possam, de fato, fazer anúncios relevantes em relação às políticas públicas, programas e espaços importantes que causem um impacto positivo na vida das mulheres em todos os territórios do Brasil”, pontua Mazé.
Demandas e Lutas
…A Marcha das Margaridas é essa força que move estruturas e impulsiona o Brasil rumo ao desenvolvimento sustentável e ao bem viver”.Cida Gonçalves, ministra das Mulheres
As demandas apresentadas pelas participantes da marcha estão alinhadas com uma visão abrangente de transformação social. Entre os 13 eixos políticos estão questões como a defesa da democracia participativa, a luta pelo poder político das mulheres, o combate a todas as formas de violência, a autonomia sobre o corpo e a sexualidade, a proteção ambiental e justiça climática, além de questões de soberania alimentar, terra e direitos territoriais.
Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, destaca os esforços interministeriais para atender às reivindicações das margaridas. “Temos um governo que respeita as mulheres do campo, da floresta e das águas e que tem a participação social como eixo fundamental na construção e implementação de políticas públicas. A Marcha das Margaridas é essa força que move estruturas e impulsiona o Brasil rumo ao desenvolvimento sustentável e ao bem viver”, ressalta a ministra.
Homenagem a Margarida Maria Alves
Desde o ano 2000, a marcha é nomeada em homenagem a Margarida Maria Alves, uma líder sindicalista que foi assassinada em 1983 por lutar pelos direitos dos trabalhadores rurais. Seu legado inspira as mulheres que se unem na busca por justiça e dignidade.
Quatro décadas após o homicídio de Margarida Maria Alves, sua memória permanece viva na figura de líderes como Mazé Morais. “Margarida será sempre a nossa inspiradora e é por isso que a gente segue em marcha”, declara Morais, destacando que a luta continua e a esperança se renova com cada passo rumo a um Brasil mais inclusivo e equitativo.
Enquanto Brasília se torna o epicentro desse movimento poderoso, as vozes das margaridas ressoam em um coro harmonioso, reafirmando a importância da ação coletiva na construção de um país melhor para todas as brasileiras.
