“Posso engravidar, se na adolescência fiz uma cirurgia de correção da escoliose?”

Uma jovem me abordou e fez a seguinte pergunta: “Existe algum risco caso eu venha a engravidar se eu fiz uma cirurgia de correção da escoliose na adolescência?”. Agora na vida adulta, uma mulher madura e cheia de sonhos e pretensões para realizar, inclusive ser mãe, demonstra preocupações em seus anseios.

Muito comum e natural que o desejo de engravidar traga algumas inquietações, porém informações claras e corretas precisam ser assimiladas para um aproveitamento tranquilo desse momento especial e desafiador.

Aquelas pacientes que possuem escoliose começam a se questionar, “terei problemas na gravidez por conta da escoliose e da cirurgia que fiz na adolescência?” Ou o contrário: “A gravidez pode acarretar problemas nas minhas costas?”.
Então, que tal levarmos um pouco de esclarecimento para essa e outras futuras mamães, e claro, respostas com evidência científica!

O assunto gravidez e processos cirúrgicos têm sido abordados na literatura cientifica, com intuito de desvendar como um pode causar ou não influências, ou repercussões negativas no outro.

Um estudo realizado com 128 mulheres, que aos 16 anos de idade, foram submetidas à fusão da coluna vertebral segmentar para escoliose idiopática do adolescente (EIA), todas foram acompanhadas desde o período pré e pós-cirúrgico da correção da escoliose, dessas, 62 engravidaram na vida adulta. E foram analisados todos os parâmetros radiográficos antes e após a cirurgia, antes da gravidez, e após o parto e no seguimento final. As mesmas não tiveram a qualidade de vida alterada em detrimento da condição (gravidez e cirurgia de correção da escoliose), isso foi comprovado por meio também de questionários de resultado da Scoliosis Research Society.

Opinião do cirurgião

Algumas tiveram mais que uma gestação, e não apresentaram progressão da curva, ou deterioração nos resultados em comparação ao restante do grupo que não engravidou.
Todavia, faz-se necessário, se possível, buscar a opinião do cirurgião que realizou a cirurgia na adolescência, para ter maior tranquilidade, a julgar que as cirurgias para correção de escoliose são feitas por fusão de vértebras, por vezes em único bloco, (procedimento chamado de artrodese).

E nestas se usam estruturas metálicas e parafusos, assim como também enxertos ósseos, o que ajudam a deixar as vértebras no lugar até que se consolide.
Na época tão esperada, o parto, se a paciente optar por alívio de dor, e escolher ou tiver a indicação por cesariana com anestesia epidural (procedimento de anestesia que alivia a dor durante o trabalho de parto), alguns médicos anestesistas podem desejar evitar a parte da coluna tratada cirurgicamente, lembrando que essa decisão cabe e é feita pela equipe médica em comum acordo com a paciente, tudo feito de forma para que se assegure a segurança da mamãe e bebê.

Dores lombares

Quanto aos desconfortos como; mal-estar, dores ou complicações que normalmente acontecem com muitas mulheres no período da gravidez até o parto, os estudos mostraram que as dores lombares são mais persistentes em pacientes tratadas cirurgicamente de correção da escoliose. Porém, somente até o parto!

Mas para as questões das dores lombares as mamães podem contar com a atuação da fisioterapia pélvica, que pode acompanhá-las desde o início da gestação, até o pós-parto, promovendo o alívio de tensões musculares e dores, bem como o fortalecimento da musculatura. E a partir da 32º semana de gestação, no caso das mulheres que desejam parto normal, costuma-se iniciar o atendimento voltado para o relaxamento do assoalho pélvico.

Em resumo, pacientes tratadas de escoliose cirurgicamente podem engravidar sim! É claro, que tendo todo acompanhamento que esse momento merece, fazendo o pré-natal, o apanhado de exames e cuidados indicado para todas as gestantes, cujo o objetivo principal é: diagnosticar e tratar possíveis complicações de forma precoce garantindo uma gestação o mais saudável possível.