Iniciei recentemente uma especialização para entender a fundo a Síndrome do Intestino Irritável (SII) e melhorar o atendimento às minhas pacientes. É bem comum no consultório ouvir relatos de mulheres que estão sentindo dores abdominais, inchaço, diarreia e constipação. Esses são os sintomas mais clássicos dessa síndrome, que embora comum ainda é pouco discutida entre os nutricionistas.
Para quem não sabe, a SII é uma condição gastrointestinal que afeta entre 3,8% e 9,2% da população mundial, embora a prevalência varie muito (de 1% a mais de 25%), dependendo do país. E embora bastante comum, a SII pode ser uma condição debilitante para muitas pessoas e pode afetar significativamente a qualidade de vida. A causa exata da SII ainda não é totalmente compreendida, mas provavelmente envolve múltiplos fatores, como principalmente, a alimentação. Sabe-se que hábitos alimentares e nutricionais desempenham um papel importante na sua manifestação e tratamento.
É aqui que o nutricionista entra em cena. O papel do nutricionista no tratamento da SII é crucial, pois ele pode ajudar a identificar e modificar os fatores dietéticos que podem estar ampliando ainda mais os sintomas do paciente. Através de uma avaliação detalhada da dieta, nós podemos identificar quais alimentos e bebidas específicos podem estar causando irritação no intestino do paciente e, em seguida, recomendar modificações dietéticas apropriadas.
Por exemplo, o nutricionista pode recomendar a eliminação temporária de alimentos com alto teor de FODMAPs, um grupo de carboidratos fermentáveis que podem ser mal absorvidos pelo intestino e contribuir para sintomas de SII. Minha capacitação é exatamente neste ponto. É super importante que os nutricionistas entendam como os FOODMAPs podem ser incluídos ou retirados da dieta de cada paciente de forma individual e busquem garantir que o paciente esteja recebendo uma nutrição adequada, mesmo que certos alimentos tenham sido removidos da dieta.
Por isso reforço que, para o tratamento de qualquer patologia nutricional, é extremamente importante a avaliação multidisciplinar. Trabalhar em colaboração com outros profissionais de saúde como médicos e psicólogos, pode ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzir a gravidade dos sintomas e aumentar o bem-estar em geral.