O título desse nosso bate-papo quinzenal começa com essa provocação. Em MENTIRA – sim, mentira em caixa alta, paremos de romantizar e relativizar fake news – publicadas em zaps, faces e instas da vida, afirmaram que Michel Foucault, filósofo e intelectual Francês, falecido em 1984, seria assessor do Ministro Flávio Dino. Pasmem, vivo!! Mais uma das inúmeras MENTIRAS que alimentam ódio e o isolacionismo/alienação intelectual.
A REALIDADE é que Michel Foucault morreu….mas ninguém morreu nas dependências da POLÍCIA FEDERAL. Essa distopia, “metaverso de extrema-direita”, levou a cenas impensáveis nas últimas semanas.
Durante o natal observamos três acampados do QG do exército colocando dinamite num caminhão tanque do aeroporto internacional de Brasília. E nada foi feito para que aquele acampamento fosse desmontado. Permaneceram todos lá. Reunidos, como se fossem amotinados, aprisionados num discurso falacioso de fraude eleitoral e de que o Brasil será transformado numa ditadura de esquerda. Lembro que o atual presidente eleito governou por oito anos. E seu partido por 14 anos. Continuamos numa democracia. Sem qualquer tentativa de golpe até esse fatídico 8 de janeiro. Então, quem na realidade quer impulsionar um golpe?
Pois vamos aos presos. Um “sem número” de postagens comovidas acerca das prisões efetuadas. Com MENTIRAS acerca de mortes e maus tratos. A ponto da Procuradoria da República, usando de seu poder de controle externo da polícia, fazer uma auditoria. Nada encontrado. Todos com bebedouros em profusão, banheiros separados por sexo, 4 alimentações por dia. E mais…. idosos e pessoas com crianças liberadas. Com devido acompanhamento da OAB, Advogados, defensoria pública e apoio do SAMU e CBMDF.
Aos que estão na espiral de MENTIRAS, sugiro apenas que vejam as imagens do horror nas três casas que representam os três poderes da República. Um show de horrores. De ignorância. De covardia. Uma tentativa de GOLPE SIM. Pediam aos quatro ventos uma intervenção militar. Um novo 1964. Ou outra das várias datas que impuseram ou tentaram impor uma DITADURA, uma AUTOCRACIA no Brasil.
Termino com trecho de VIGIAR E PUNIR (Ed. Vozes 2004), livro que merece ser destacado, posto que Foucault está vivo nesse e em outros livros, textos e diálogos deixados:
“Ha, entretanto, nesses cantos coletivos uma outra tonalidade; inverte-se o código moral a que obedecia à maioria das velhas queixas. O suplício, em vez de trazer o remorso, aguça a vaidade; a justiça que condenou é recusada, e recebe vitupérios a multidão que vem contemplar o que ela pensa ser arrependimentos ou humilhações.
(…)
O sentimento de injustiça que um prisioneiro experimenta e uma das causas que mais podem tornar indomável seu caráter. Quando se vê assim exposto a sofrimentos que a lei não ordenou nem mesmo previu, ele entra num estado habitual de cólera contra tudo o que o cerca; só vê carrascos em todos os agentes da autoridade: não pensa mais ter sido culpado; acusa a própria justiça.”