A educação sob ataque no Brasil

Vivemos um aumento exponencial do discurso de ódio e de perpetração do medo nas redes sociais

Flavio Werneck
Por Flavio Werneck  - Segurança Pública 4 Min Leitura
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Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Nos últimos dias temos observado o aumento exponencial de ameaças às escolas brasileiras. Fomentadas por um brutal e monstruoso criminoso que assassinou crianças em Blumenau/SC. Não podemos mais tapar o sol com a peneira. Nos últimos dois anos tivemos, pelo menos, cinco ataques com mortes em escolas pelo país. Temos registros de um total de 7 mortos só no último ano.

Na quarta-feira (13/04) um adolescente foi apreendido com objetos nazistas e os pais dele tiveram a prisão preventiva decretada pela justiça do Rio Grande do Sul. Tudo isso por suspeita de planejamento de ataque a uma escola. O que podemos observar nos últimos atos de violência às escolas é um claro discurso de incentivo aos crimes de ódio, fomentados por grupos organizados nas redes sociais.

A pesquisadora Marcele Frossard explica essa espiral de violência:

“Muitos estudantes passam por sofrimento emocional e não se tornam violentos, portanto, este tipo de crime não está associado apenas com uma decisão individual. É necessário compreender que o processo de cooptação se dá por meio de interações virtuais, em que o adolescente ou jovem é exposto com frequência a conteúdo extremista difundido em aplicativos de mensagem, jogos, fóruns de discussão e redes sociais. (https://desafiosdaeducacao.com.br/ataques-a-escolas/)”.

Fato é que vivemos um aumento exponencial do discurso de ódio e de perpetração do medo nas redes sociais e no dia a dia da população brasileira. Nos últimos anos importamos o que há de pior na intimidação e agressividade mundo afora. Nazismo, fascismo, ódio e violência. Abandonamos (enquanto nação) a ciência e absorvemos os sofismas, as mentiras ou as “meias verdades”.

Precisamos refletir e focar no que realmente interessa. Nesse caso de forma bem direta e explícita: A VIDA É DIREITO INALIENÁVEL E A EDUCAÇÃO TEM QUE SER PRIORIDADE. Não há mais espaço para empirismos. Aqui no país chegamos ao ponto limite. Se não houver resposta efetiva seguiremos caminhando com direção ao que acontece nos EUA, por exemplo, que já tem mais de uma centena de registros de disparo de arma de fogo em escolas no ano corrente.

Canais de denúncia

Aqui no DF a Secretaria de Segurança a iniciou a contratação temporária de policiais, para reforçar a segurança nas escolas e a criação de novos canais de denúncia. Resposta rápida, mas que ainda está muito aquém das necessidades do século XXI.

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”Cora Coralina

Precisamos de coragem para rever e regular as mídias sociais. Responsabilizar as mesmas de forma rápida pela proliferação indevida de material que fomenta esse tipo de barbaridade. Muitos se levantam e gritam: CENSURA. E devemos responder: NADA DISSO. REGRAMENTO. Em tudo temos e devemos seguir regras. Todas as profissões e áreas têm regulamentação. Assim deve ser também para a internet e mídias sociais. Sem regras marcharemos para a barbárie. Para além disso, o acompanhamento e treinamento constantes devem ser implementados e gerenciados constantemente.

Por fim importante lembrar que os constantes ataques à educação são mais aviltantes entre os bárbaros crimes. É na educação, no conhecimento que plantamos e colhemos a liberdade e evolução. O Brasil precisa entender que não há saída sem investimento pesado em educação e no resgate do prazer de ensinar e aprender: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina (Cora Coralina)”.

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Posted by Flavio Werneck Segurança Pública
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Advogado, servidor público, mestre em criminologia e pós-graduado pela Escola do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
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