História de Brasília, retratada em forma de Arte Sacra

Pároco, resgatador de vidas, transformou uma igreja simples em Vicente Pires-DF num cartão postal com painéis que, além das cenas religiosas, contam a história de Brasília

Giza Soares
Por Giza Soares 6 Min Leitura
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Telas da Via Sacra têm, como pano de fundo, imagens dos monumentos do arquiteto Oscar Niemeyer e os painéis laterais, que, além da arte religiosa, contam a história de Brasília Imagens: Eliane Andrade

O Padre Agenor Vieira assumiu a paróquia em 2019. Após dois anos em Roma, fazendo um mestrado, ele foi convidado Pelo Cardeal Sérgio da Rocha para assumir a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, em Vicente Pires, que, na época, estava passando por dificuldades, tanto com a escassez de recursos financeiros quanto com a frieza espiritual da comunidade. A Paróquia contou com a atenção especial do sacerdote que, com sua sabedoria e seu jeito humilde, venceu os obstáculos e reergueu, não somente o templo, como a comunidade, que se uniu a ele e transformou a igreja simples em cartão postal.

Padre Agenor Vieira recebendo uma das homenagens de Moção de Louvor, pelos relevantes serviços caritativos, prestados à comunidade

Segundo o padre, em três anos e meio, em plena pandemia, “o milagre aconteceu. Não tem explicação de estarmos neste patamar, com a construção da igreja, a volta dos fiéis e todo esse movimentação pastoral, apesar da pandemia”, relata ele, com uma alegria contagiante no olhar.
Mas tudo isso só foi possível, segundo o Padre Agenor, graças às orações e ao trabalho braçal da comunidade, assim como à cooperação voluntária de amigos e fiéis, até de outras igrejas, “por meio de pessoas que voltaram seu olhar para cá e nos ajudaram”.

Com essa força-tarefa, a igreja, mesmo durante a pandemia, pôde ajudar os menos favorecidos, distribuindo marmitas, cestas básicas a famílias, inclusive fora da comunidade local. Além da ajuda material, também foi oferecido o apoio espiritual em cemitérios, aos doentes e às famílias em luto. Por esse trabalho, o Padre Agenor Vieira, por indicações dos Deputados Eduardo Pedrosa (União Brasil), e João Cardoso (Avante) recebeu o reconhecimento da Câmara Legislativa, com duas Moção de Louvor, pelos relevantes serviços caritativos, prestados à comunidade.

A Igreja ainda está em obras, e já está linda, uma verdadeira obra de arte! Tudo na igreja tem um significado e simbolismo, desde a arquitetura aos painéis pintados em todo o templo, pelo artista plástico peruano José Sánchez León.

Na entrada da igreja, foram plantadas duas oliveiras, que simbolizam fertilidade e paz, de cujofruto, é extraído o óleo para a unção sacramental. A fachada ainda não está pronta, mas o padre fez questão de antecipar como vai ficar: “Vai lembrar o manto de Nossa Senhora”. Todos os detalhes, tanto da construção como das pinturas, foram pensados pelo sacerdote, como um meio de transmitir a fé. O mesmo fez questão de explicar cada cantinho.

O teto da igreja, em forma de ondas do mar, é uma alusão às águas que jorram do templo, como é narrado pelo profeta Ezequiel. Há umas janelas redondas no alto do templo, que simbolizam a Arca de Noé e a Barca de Pedro; as telas da Via Sacra têm, como pano de fundo, imagens dos monumentos do arquiteto Oscar Niemeyer. Dos três painéis centrais, o primeiro retrata o mistério da Ressurreição de Jesus. Os painéis laterais, que, além da arte religiosa, contam a história de Brasília, chamam a atenção. A Capela do Santíssimo é um espetáculo à parte. O sacrário retrata o mistério da Encarnação, já a pintura do teto pode ser vista em 3D. Segundo o padre, é a primeira igreja na cidade com esse tipo de pintura. São muitos detalhes, mas a conversa foi tão agradável, e as explanações tão surpreendentes, que duas horas pareceram vinte minutos.

Ele cativou toda a comunidade com seu jeito humano de ser, Cândida Mariano se referindo ao padré

A grande família

Cândida Carvalho Mariano faz parte da comunidade desde 1998. É ativa na igreja e ajudou na construção, fazendo marmitas para arrecadar dinheiro para a obra. Segundo ela, o Padre Agenor Vieira é “gente como a gente”. Ele cativou toda a comunidade com seu jeito humano de ser. Participa de tudo na igreja, desde a obra até as faxinas. “Aqui nós somos uma família. Eu me sinto abraçada”.

“Eu era de outra comunidade, mas eu vim trabalhar com o Padre Agenor, porque ele me cativou com sua alegria. Ele transmite uma paz… ele atende a todos bem. Ele te evangeliza. Tem muita paciência com seus fiéis, é um arrebanhador de ovelhas. Além de construtor, ele trouxe a comunidade de volta para a paróquia. Com a vinda dele, as pessoas voltaram a acreditar na igreja, e toda comunidade se juntou ao padre Agenor para ajudar na construção da igreja”, conta Eliane Andrade.

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