64% dos infectados com HIV sofrem com preconceito

Após 40 anos de lutas e tratamentos eficazes, contribuído para que o portador do HIV/Aids leve uma vida praticamente normal, ainda existe rejeição

Simone Andrade
Por Simone Andrade  - Psicóloga 4 Min Leitura
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Este mês comemoramos o dia internacional da luta contra a Aids, os primeiros casos registrados da doença foram nos Estados Unidos na década de 80, porém, bem antes disso, Haiti e África Central já mencionavam casos de uma doença que os médicos não conseguiam explicar.

Em 1981, pela primeira vez foi divulgado informações referente a possíveis casos, foi publicado no Centro para Controle de Doenças (CDC) um relato a respeito de cinco jovens gays, diagnosticados com uma infecção pulmonar incomum conhecida como Pneumocystis carinii (PCP), sendo que dois deles haviam morrido.

A partir daí os números de infectados cresce no mundo inteiro, chegando ao patamar de pandemia, nesta época ter o vírus da Aids era como ter uma sentença de morte, já que ainda não havia tratamentos e as informações eram escassas.

Discriminação

A falta de conhecimento sobre o vírus levou a milhares de mortes, preconceito e estigma, por parte da sociedade, foi considerada por muitos uma doença apenas de homossexuais, conhecida como a peste gay e a doença dos (5H).

Assim, com o intuito de diminuir o preconceito e levar mais informação a sociedade, grupos ativistas começaram a se posicionar na luta contra a Aids e contra a discriminação, um dos caminhos foi a divulgação de campanhas ainda simples sobre os meios de proteção. 

Em 1982 os ativistas Michael Callen e Richard Berkowitz, criam o primeiro panfleto que traz aconselhamentos sobre sexo seguro, o informe era intitulado “Como fazer sexo em uma epidemia: uma abordagem”.

Personalidades como a princesa Diana e Magic Johnson também contribuíram para a diminuição de estigmas relativos à doença, a princesa ao visitar e cumprimentar doentes com Aids sem luvas e Magic Johnson ao divulgar haver testado positivo para HIV, demonstrando que qualquer pessoa poderia ser contaminada.

Evolução

Porém, com o passar do tempo e as várias descobertas sobre a doença foi possível no início da década de 90 uma grande evolução na forma de tratar a Aids, através da aprovação dos medicamentos antirretroviral. E após 40 anos dos primeiros casos, podemos considerar que existem tratamentos altamente eficazes e que todos têm acesso no Brasil.

O Brasil a partir de 1998 começou a investir em políticas de prevenção, o que contribuiu para a doença está controlada hoje, graças também ao trabalho pioneiro do Sus, o Brasil foi considerado pela ONU em 2013 pioneiro na luta contra a Aids e segundo o Ministério da Saúde desde 2013 o número de casos vem caindo.

Após 40 anos de lutas e de avanços neste combate, ainda há preocupações a respeito do tema, principalmente quando durante a pandemia do Covid 19 o índice de abandono do tratamento aumentou, chegando a 10%. Já a Organização Mundial de Saúde trouxe um alerta sobre a queda no número de pessoas testadas para HIV, no período da pandemia do Covid-19.

Qualidade de vida

Embora ainda não haja cura para a Aids, o mundo caminhou muito, atualmente as informações estão mais disponíveis e existem mais pesquisas sobre o assunto, os tratamentos são mais eficazes e tem contribuído para que uma pessoa com HIV/Aids leve uma vida praticamente normal.

Porém, uma coisa não mudou muito de lá para cá, o preconceito e o estigma sobre a doença ainda se mantém forte, pesquisas demostram que 64% de pessoas que vivem com HIV, já sofreram discriminação no Brasil.

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Posted by Simone Andrade Psicóloga
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Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.
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