Pecadores: Ryan Coogler Reinventa o Terror com Blues

Novo filme do diretor de 'Pantera Negra' estreia em 17 de abril, unindo crítica social, mitologia afro-americana e horror sobrenatural em uma narrativa ambientada nos anos 1930

Danieli Aguiar
Por Danieli Aguiar 4 Min Leitura
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Ryan Coogler retorna ao cinema autoral com “Pecadores”, seu projeto mais pessoal desde “Fruitvale Station” (2013). O filme estreia nos cinemas brasileiros em 17 de abril de 2025, trazendo Michael B. Jordan no papel dos irmãos gêmeos Smoke e Stack, que retornam à sua cidade natal no Mississippi dos anos 1930 para abrir uma casa de shows voltada à comunidade negra. O que começa como um drama histórico sobre racismo e música rapidamente se transforma em uma fábula de horror, quando forças sobrenaturais — incluindo vampiros — emergem para confrontar os protagonistas.​

Em Pecadores, Coogler constrói um drama histórico com tons místicos ao redor do personagem Sammie, interpretado pelo cantor de R&B Miles Caton. Filho de um pregador e músico talentoso, o jovem é primo dos gêmeos Smoke e Stack — vividos por Michael B. Jordan em uma performance elogiada — que, após se envolverem com gangues em Chicago e o lendário Al Capone, retornam ao Mississippi para abrir uma casa de shows. O espaço, voltado ao público negro, surge como um refúgio de liberdade em um estado segregacionista.

Vampiros como metáfora

Apesar da divulgação vender o filme como uma história de vampiros, Coogler entrega algo muito mais denso. O elemento sobrenatural, presente na mitologia das criaturas, é usado como alegoria para expor o “pecador” que habita todos nós — especialmente em uma sociedade marcada por injustiças raciais. O longa também faz referência à famosa lenda de Robert Johnson, o pioneiro do blues que teria feito um pacto com o diabo em troca de sucesso.

O retorno ao passado como forma de cura

Ao se inspirar na trajetória de sua própria família, o diretor trata Pecadores como um acerto de contas com o passado. Os personagens ouvem as mesmas músicas de seus ancestrais e enfrentam dilemas que atravessam gerações. A casa de shows construída pelos irmãos funciona como símbolo de resistência e liberdade — um espaço onde a dor pode ser transmutada em arte e conexão.

No centro da narrativa, Jordan entrega o que muitos já apontam como a melhor atuação de sua carreira. Ele dá vida a dois irmãos com personalidades opostas: Smoke, o pragmático, e Stack, o impulsivo. Suas relações amorosas, com as personagens vividas por Hailee Steinfeld e Wunmi Mosaku, revelam nuances emocionais que aproximam os gêmeos do espectador, humanizando-os em meio ao caos que os cerca.

Um filme dentro de outro

Embora a inserção dos elementos de horror possa parecer um desvio em relação ao potente drama musical e social apresentado no início, Coogler consegue amarrar as pontas no desfecho. Pecadores se reafirma, então, como uma carta de amor à música negra e à ancestralidade, mostrando como o cinema — assim como o blues — é capaz de atravessar o tempo e nos tocar profundamente.

Com elogios da crítica internacional, 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e uma estética cinematográfica de impacto, Pecadores marca uma nova fase na carreira de Ryan Coogler. Mais do que um filme de vampiros, é um manifesto visual sobre dor, memória e redenção.

Ficha Técnica

Ano: 2025

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 137 min min

Direção: Ryan Coogler

Elenco: Jack O’Connell , Hailee Steinfeld , Delroy Lindo , Michael B. Jordan

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