Inflação ultrapassa meta em 2024 e desafia economia

Em 2024, o Brasil voltou a descumprir a meta de inflação, evidenciando desafios econômicos que exigem medidas rígidas e atenção redobrada para os próximos anos

Redação
Por Redação 4 Min Leitura
4 Min Leitura
O impacto de fatores internos e externos coloca pressão sobre a política monetária e a vida financeira de todosImagem: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
ouça o post

Desde que o Brasil adotou o regime de metas de inflação, em 1999, o país enfrentou momentos de inflação acima do limite estabelecido em várias ocasiões. Em 2024, esse cenário se repetiu, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o principal indicador da inflação, ultrapassou o teto da meta.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA de 2024 fechou em 4,83%, enquanto a meta definida pelo governo era de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Ou seja, a inflação poderia ficar entre 3% e 4,5%, mas o resultado final superou essa faixa.

O regime de metas de inflação tem como objetivo assegurar a estabilidade dos preços e promover previsibilidade para a economia. Para isso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define a meta e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) adota medidas para controlar a inflação. A principal ferramenta nesse controle é a taxa de juros, a Selic, que atualmente está em 12,25% ao ano.

A elevação da Selic, no entanto, tem impactos negativos. Embora aumente o custo do crédito e desestimule o consumo, podendo ajudar a conter a inflação, ela também prejudica a geração de emprego e renda, além de afetar os investimentos no país.

A explicação para o estouro da meta em 2024 envolve uma série de fatores. O Banco Central aponta o impacto de eventos climáticos, a desvalorização do real frente ao dólar e o aumento no preço de commodities como causas principais. Esses elementos externos e internos pressionaram a inflação, que ficou acima do limite estabelecido.

Quando a meta é descumprida, o presidente do Banco Central deve divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando os motivos do desvio e as ações que serão tomadas para corrigir a situação. A carta divulgada em 10 de janeiro aponta o aumento do dólar e das commodities como principais fatores da alta da inflação no último ano.

Embora o Brasil tenha enfrentado outros períodos de inflação fora da meta, 2024 não foi o único ano com resultados inesperados. A lista de anos em que o IPCA ultrapassou o limite inclui 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022. Entre essas ocasiões, o ano de 2002 registrou o maior desvio, com uma inflação de 12,53%, bem acima do teto de 5,5%.

Meta contínua

A partir de 2025, um novo modelo de avaliação será adotado. O CMN decidiu que, em vez de uma verificação anual apenas em dezembro, a meta será acompanhada ao longo de um período de 12 meses, um modelo conhecido como “meta contínua”. Com isso, a análise será mais flexível, considerando variações temporárias que não necessariamente representam um descumprimento permanente das metas.

Apesar do histórico de desafios econômicos e flutuações nos preços, o regime de metas continua sendo um instrumento importante para manter a inflação sob controle. A mudança na forma de calcular a meta a partir de 2025 visa tornar a política monetária mais adaptável e realista diante das oscilações que podem ocorrer no mercado.

Dessa forma, a luta contra a inflação segue como uma prioridade para o Banco Central, com o governo, as empresas e as famílias se ajustando a um cenário de incertezas, mas também com a esperança de que a estabilidade econômica possa ser retomada em breve.

Compartilhe esse Artigo
Deixe sua opnião
Verified by MonsterInsights