O dólar comercial alcançou um novo patamar histórico na quarta-feira (18), encerrando o dia cotado a R$ 6,26, após alta de 2,82%. O movimento ocorreu mesmo com a aprovação de um dos projetos do pacote fiscal do governo na noite anterior, durante a votação na Câmara dos Deputados.
O projeto aprovado com 318 votos elaborados, contra 149 contrários e 46 ausências, estabelece medidas para conter gastos públicos. Entre as regras, o texto prevê que, em caso de déficit fiscal, o governo fica proibido de criar ou ampliar benefícios fiscais e de aumentar despesas com pessoal. Além disso, o pagamento de emendas parlamentares poderá ser cortado.
A aprovação foi considerada uma vitória para o governo, que foi negociado intensamente ao longo do dia. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas), pressionou os deputados ao alertar que faltas injustificadas resultariam em cortes salariais. Apesar disso, o mercado financeiro demonstrou ceticismo quanto à efetividade das medidas, o que influenciou a valorização do dólar e a queda no Ibovespa, que teve sua maior baixa diária desde novembro de 2022.
Medidas fiscais buscam conter déficit, mas o mercado segue desconfiado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está comprometido com a aprovação do pacote completo, composto por quatro projetos, cuja implementação pode gerar uma economia de R$ 370 bilhões até 2030. Haddad também destacou que o foco é manter as medidas intactas durante a tramitação no Congresso para garantir a sustentabilidade fiscal.
O cenário internacional também contribuiu para a instabilidade. Na terça-feira (17) à tarde, o Banco Central dos Estados Unidos anunciou mais um aumento nas taxas de juros, agora entre 4,25% e 4,5% ao ano, o que fortaleceu o dólar frente às moedas emergentes, como ó real.
O deputado Átila Lira (Progressistas), relator do projeto, demonstrou otimismo ao afirmar que há sensibilidade no Congresso quanto à necessidade de ajustes fiscais. “O mercado precisa acreditar que o governo está comprometido com o corte de despesas”, reforçou.
Mesmo com as turbulências, Haddad afirmou que as expectativas das instituições financeiras para o próximo ano são mais positivas do que as projeções feitas por especuladores.