O Brasil está com a educação em alerta. Um novo estudo internacional revela que mais da metade dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não dominam o básico de matemática e ciências. Segundo os resultados do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), divulgado no último dia 4, o desempenho dos alunos brasileiros ficou bem abaixo da média global, apontando sérios desafios para o sistema educacional.
A pesquisa, que contou com a participação de 72 países, é realizada a cada quatro anos e avalia a proficiência dos estudantes em ciências e matemática nos 4º e 8º anos do ensino fundamental. A edição de 2023 marca a primeira participação do Brasil no estudo, que revela uma realidade preocupante: mais de 50% dos alunos brasileiros do 4º ano não conseguiram demonstrar nem mesmo os conhecimentos básicos de matemática. Em ciências, o cenário é semelhante, com mais de um em cada três estudantes abaixo do nível mínimo de compreensão.
Esses números apontam para um ensino fundamental que falha em preparar os alunos para tarefas simples, como resolver uma soma de números ou compreender conceitos básicos de biologia, como o fato de que plantas precisam de luz para sobreviver. Essa falta de conhecimento reflete diretamente nas pontuações do Brasil. No 4º ano, a média nacional foi de 400 pontos em matemática e 425 pontos em ciências, muito abaixo da média global de 503 pontos e 494 pontos, respectivamente. No 8º ano, as médias caíram ainda mais: 378 pontos em matemática e 420 pontos em ciências, com a média internacional de 478 pontos para as duas disciplinas.
Os resultados colocam o Brasil em uma posição de destaque, mas negativa, na comparação com outros países. No ranking mundial do 4º ano, o Brasil ficou em 51º lugar em ciências e em 55º em matemática, entre 58 países. Já no 8º ano, a posição melhorou levemente, mas ainda assim o Brasil ficou em 33º lugar em ciências e em 41º em matemática, entre 42 países avaliados.
O estudo aponta que grande parte dos estudantes brasileiros está no “nível abaixo do baixo”, o que significa que muitos nem sequer alcançam a compreensão fundamental de suas áreas de estudo. No 4º ano, 51% dos alunos ficaram abaixo do nível baixo em matemática, e 39% não atingiram esse mínimo em ciências. No 8º ano, esses números sobem para 62% em matemática e 42% em ciências. Em contraste, a média internacional para alunos abaixo desse nível é de apenas 9% no 4º ano e 19% no 8º.
Este panorama reflete as dificuldades enfrentadas pela educação brasileira, com investimentos insuficientes e um sistema que ainda não consegue alcançar todos os estudantes de forma igualitária. Embora haja uma série de países que apresentam um desempenho superior, como o Chile, Espanha, Portugal, Canadá, Coreia e Finlândia, o Brasil ficou à frente apenas de países como o Marrocos.
O TIMSS, organizado pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), é uma das principais ferramentas para monitorar a qualidade da educação global. Com a participação de mais de 44 mil estudantes brasileiros, o estudo também coletou dados de professores, com o objetivo de entender o contexto educacional de cada país. Para o Brasil, os resultados são um chamado urgente para a reflexão sobre os rumos da educação básica e a necessidade de reformas estruturais profundas.