As síndromes hipertensivas são complicações que podem surgir durante a gravidez, afetando tanto a saúde da mãe quanto a do feto. São condições capazes de atingir gestantes de todas as idades, mas aquelas com 35 anos ou mais integram o grupo de maior risco. “Essas condições são as intercorrências clínicas mais comuns da gravidez. A pré-eclâmpsia pode acometer até 16% das gestações em todo o mundo, podendo alcançar, em alguns países de baixa renda, até cerca de 25% das gestações. No Brasil, é a principal causa de morte materna”, aponta a especialista em Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal da Secretaria de Saúde (SES-DF), Sâmia Luiza Paiva.
Tanto a hipertensão gestacional quanto a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia podem ser tratadas na rede pública. O pré-natal deve ser iniciado na unidade básica de saúde (UBS) de referência, onde é feito o diagnóstico da síndrome hipertensiva da gestação e a avaliação da paciente, classificada com base em seus sintomas e exames. Em seguida, o tratamento mais adequado é iniciado na própria UBS e a paciente é encaminhada a consultas pré-natais de alto risco. Nelas, o médico obstetra continua o tratamento de acordo com a prioridade e o risco da gravidez. Em situações urgentes, a gestante é direcionada imediatamente à emergência obstétrica do hospital de referência.
O ideal é que toda mulher faça uma avaliação pré-gestacional, para que possa iniciar a prevenção antes mesmo de engravidar, com controle de suas doenças de base, do peso corporal e mudança do estilo de vida. Um pré-natal precoce também é essencial, pois no primeiro trimestre já é possível identificar gestantes com maior risco de pré-eclâmpsia e tomar medidas preventivas adequadas”, alerta a especialista.
A hipertensão gestacional ocorre a partir da 20ª semana, quando há um aumento nos níveis de pressão arterial sem outras complicações associadas. Por outro lado, a pré-eclâmpsia, que surge no mesmo período da hipertensão, envolve não apenas o aumento da pressão arterial, mas também alterações em outros órgãos e sistemas, como rins, fígado, pulmões e sistema nervoso central. Já a eclâmpsia representa uma forma grave de pré-eclâmpsia, caracterizada por convulsões generalizadas.
Algumas das complicações graves para a mãe incluem insuficiência renal, cardíaca e hepática, acidente vascular cerebral (AVC) e distúrbios de coagulação. A médica Priscila Morato, 38 anos, teve quadro de pré-eclâmpsia durante suas duas gestações. Na primeira, em 2017, ela não apresentou sintomas, descobrindo a condição durante o pré-natal.
Durante uma ecografia de rotina, foi identificada uma alteração nas artérias uterinas e, quando mediram minha pressão em consulta, já estava bastante elevada.” Com o diagnóstico recebido na 22ª semana de gestação, os efeitos da síndrome já haviam afetado o bebê, que nasceu prematuro. “Meu bebê entrou em sofrimento fetal grave e precisou nascer com 26 semanas, pesando 525 gramas, permanecendo na UTI neonatal por 100 dias”, conta.
Já na segunda gestação, em 2022, em seu pré-natal, várias medidas foram tomadas para evitar a repetição do quadro anterior. No entanto, o bebê também apresentou sofrimento fetal, levando ao parto prematuro com 26 semanas.
Os riscos para o bebê estão, na maioria das vezes, relacionados à necessidade de parto prematuro, trazendo possibilidade de infecção, insuficiência respiratória, hemorragia e dano cerebral.
A causa da pré-eclâmpsia é desconhecida, no entanto há alguns fatores que podem aumentar o risco de uma gestante desenvolver a doença:
Embora algumas mulheres com pré-eclâmpsia possam ser assintomáticas, sinais como dor de cabeça ou na nuca, inchaço no rosto e nas mãos, dificuldade respiratória, náuseas ou vômitos após os primeiros três meses de gravidez podem indicar a presença da síndrome. Caso diagnosticada, a gestante deve ser internada imediatamente. Sintomas de eclâmpsia incluem dor de cabeça, estômago e alterações na visão.