A Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu, em 2011, a busca pela felicidade como um dos objetivos humanos fundamentais, conclamando os estados-membros a adotar políticas públicas que propiciem o seu alcance. No Brasil, embora ainda não apareça com clareza em nossa Constituição, o direito à felicidade tem sido recorrentemente utilizado para respaldar decisões nos mais diversos campos jurídicos.
Antes de darmos continuidade, precisamos conceituar felicidade, termo sobre o qual recai certa indeterminação e relatividade. Aqui utilizaremos o conceito de felicidade coletiva que consiste em garantir a segurança humana em suas múltiplas dimensões abrangentes e inclusivas: econômica, alimentar, sanitária, ambiental, pessoal, comunitária e política. Ou seja, a busca da felicidade se relaciona diretamente com a qualidade de vida humana e o alcance das necessidades para uma vida digna.
Outra percepção do conceito de felicidade diz respeito ao estado mental que indica que estamos ou não felizes. Nesse caso, se ou não feliz se relaciona com as questões psicológicas, como satisfação pessoal e motivação. Tal compreensão pressupõe considerar a subjetividade que está envolvida nessa questão que é intrínseca a cada um de nós e não se estabelece a priori ou coletivamente, mas se constrói internamente em cada um e cada uma de nós.
O conhecimento nos conduz à liberdade
Levando em conta os aspectos relacionados à felicidade coletiva e individual, há que se pensar na educação como direito fundamental capaz de agregar outros tantos direitos, considerando-se que conhecimento nos conduz à liberdade de escolha, propiciando as condições para o autoconhecimento, para o conhecimento do outro e do mundo que nos rodeia. A questão que trago para discussão é bastante simples: a educação brasileira hoje é fonte de felicidade para nossas crianças e adolescentes?
Os índices que medem a felicidade, no mundo e no Brasil, indicam que nosso país não está nem entre os trinta primeiros países no que tange a essa condição. Se pensamos a escola como um microcosmo da sociedade em que vivemos, é possível problematizar o que acontece no ambiente escolar na medida em que, dentre os desafios que temos, está o de motivar nossas crianças e adolescentes para aprender. O desinteresse pela escola e por aprender é evidente e preocupa pais e professores.
Nessa esteira, precisamos rever o que se oferece como educação em nossas escolas e lares de maneira a prover as condições para majorar a qualidade das atividades a que nossas crianças e adolescentes são expostos, o que implica acompanhamento próximo, cuidado com o ambiente e a oferta de espaços instigantes para aprender coletiva e individualmente. As mudanças que queremos para a educação pressupõem atendimento às necessidades mínimas para que a aprendizagem tenha significado verdadeiro.