Muitos são os autores, como Vygotsky, que defendem que é na interação com o outro que a aprendizagem se efetiva, posto que, por meio do convívio social, aprimoramos as estruturas mentais existentes desde o nosso nascimento. Desde a infância, aprendemos, nas relações que estabelecemos, a construir vínculos sociais para perceber os valores morais e éticos que norteiam o comportamento social, tanto na perspectiva de atendimento aos interesses e necessidades individuais, como também aos coletivos.
Nesse sentido, a participação na escola pressupõe a interação da comunidade que se envolve nas decisões da escola de maneira dialogada, sistemática e orgânica. E quando falamos da comunidade escolar, remetemos efetivamente a todos os que, de forma direta ou indireta, envolvem-se no processo educativo que ocorre nesse espaço, sejam eles gestores, professores, funcionários, alunos, pais e comunidade circundante. É preciso, portanto, entendermos a relevância de se estabelecer espaços de diálogo efetivo, democrático e autêntico.
No tocante ao desenvolvimento das habilidades e das competências relacionadas à formação de cidadãos críticos, autônomos, criativos e proativos, a participação e o diálogo assumem papel fundante como caminho a ser trilhado para se alcançar protagonismo social desde a infância. Ainda nessa linha, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ratifica como direitos de aprendizagem das crianças já na Educação Infantil: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se, evidenciando a importância da interação e da participação.
Diálogo é necessário
No entanto, à revelia do reconhecimento da necessidade de abrir o diálogo com as crianças e os adolescentes, permanece em nossa sociedade uma cultura centrada no adultocentrismo, pautada em desconsiderar que as crianças e os adolescentes são cidadãos de direito, capazes de pensar, apresentar ideias e solucionar problemas. Diante desse quadro, somos chamados a adotar uma escuta genuína, ativa e acolhedora de nossas crianças e adolescentes que trazem seus modos próprios de ver e de opinar sobre o mundo.
Para tanto, há que se investir, pois, desde cedo em processos educativos permeados por espaços de fala livre e de escuta ativa para que as crianças e os adolescentes possam exercitar sua cidadania e seu protagonismo. Em outras palavras, é de fundamental importância dar-lhes voz de maneira que possam, por meio da observação atenta, compreender a realidade que os circunda, qualificando sua leitura de mundo. Dar às crianças a possibilidade desse olhar mais atento permite que, paulatinamente, conscientizem-se sobre seus direitos e como garanti-los.