O mundo está mudando com uma rapidez incrível e com intensidade cada vez maior. Tais mudanças orientam para uma formação diferenciada cujas características se voltam para um perfil de pessoas que abandonam a obediência cega na execução de atividades e voltam-se para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à iniciativa, autonomia, criatividade, autoaprendizagem e adaptabilidade a novos contextos.
Assim, espera-se que os estudantes assumam posturas reflexivas sobre seu próprio fazer enquanto profissionais em formação que precisam se preparar de maneira adequada para se inserir no mercado. Não basta aprender a fazer, mas é preciso ir além, aprender a aprender, a ser, a conviver e a transcender. A par disso, essa nova era da sociedade do conhecimento e da sociedade da informação, que se desenvolve em ritmo crescente e acelerado, amplia os desafios de formação inicial e continuada que assumem um caráter estratégico seja em termos individuais ou coletivos.
A convivência, que se estabelece nos ambientes educacionais, os quais replicam as realidades sociais, pressupõe interação como processo que ultrapassa os limites do simples enviar e responder mensagens. Mais que isso, a interação aqui implica recursividade, tendo em vista que os interlocutores estabelecem relações dialógicas. Assim, é na convivência, na ação sobre o outro, estabelecida a partir de uma comunicação autêntica e significativa, que se constrói a coaprendizagem ou a aprendizagem colaborativa.
Para que se consolide uma cultura de aprendizagem dessa natureza, é fundamental vencer uma série de desafios. Dentre eles, há que se reconhecer o valor potencial e real das qualidades das pessoas com quem se convive. Isto só é possível se compreendemos como as pessoas sentem, pensam e agem. A melhor maneira de alcançar esse desafio é, sem dúvida, pelo exercício da escuta ativa, do respeito à alteridade e do feedback ao interlocutor.
Outro desafio está em perceber como as pessoas aprendem, como constroem o conhecimento, considerando suas diferentes dimensões: conceituais (leis, teorias, conceitos, princípios), atitudinais (valores, crenças, atitudes e posturas) e procedimentais (métodos, técnicas e procedimentos). Dessa forma, é evidente a necessidade de se recorrer, nos ambientes de aprendizagem, a ações diferenciadas que propiciem a dialogia, como seminários, reuniões, games, participação em eventos, fóruns de debates e troca de informações.
Ferramentas diversas
O desenvolvimento de redes se configura como terceiro desafio a ser vencido, compreendendo uma grande teia que se tece com tecnologias, serviços, pessoas, ideias, informações e contam com ferramentas diversas: diretrizes estratégicas nos cursos e componentes curriculares; cultura forte de planejamento e avaliação; acesso, disseminação e a segurança das informações; investimento em processos interativos; estímulo a um alto volume de sugestões e ideias dos estudantes; estímulo à criação e inovação; trabalho em equipe e valorização da formação de lideranças.
Instituições educativas preparadas para tamanho desafio, sem dúvida, percebem com maior clareza, as resistências, os obstáculos, as possibilidades e os significados das diferentes situações e propostas com que se depara. Para tanto, é preciso redimensionar valores, especialmente, aqueles ligados à comunicação, capacidade discursiva que permite a aglutinação ou a ruptura; o consenso ou o conflito, a convergência ou a dissidência que geram o que aqui chamamos de coaprendizagem, pois que se dá inicialmente em um processo de intra-aprendizagem para depois se configurar como interaprendizagem.