Endividamento avança, mas inadimplência recua no DF

Capital mostra sinais de fôlego financeiro em meio a cenário de dívidas crescentes

Redação
Por Redação 4 Min Leitura
4 Min Leitura
Imagem: Divulgação
OUÇA O POST

O Distrito Federal registrou, em abril, um discreto aumento no número de famílias endividadas. Ao mesmo tempo, apresentou queda na inadimplência, indicando uma possível reorganização financeira da população. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo o levantamento, 67,9% das famílias brasilienses têm algum tipo de dívida, frente aos 66,7% de março. Isso representa um acréscimo de mais de 13 mil domicílios, totalizando mais de 723 mil lares com pendências financeiras.

Apesar da alta no endividamento, o número de famílias inadimplentes — aquelas que não conseguem quitar os compromissos assumidos — caiu de 18,6% para 18,1%, menor patamar desde junho de 2024. A redução marca o quarto mês consecutivo de queda na inadimplência.

Outro dado que chama atenção é a percepção dos próprios consumidores: apenas 12,7% se consideram muito endividados, contra 18% em abril do ano passado. Já o percentual de famílias que afirmam não ter dívidas praticamente dobrou, passando de 14,9% para 32,1%.

Para José Aparecido Freire, presidente do Sistema Fecomércio-DF, os números revelam um esforço da população para manter o consumo sob controle. “Esse cenário aponta para um comportamento mais consciente, aliado a uma recuperação lenta, mas contínua, da renda e do emprego”, observa. Ele alerta, no entanto, que o índice ainda é alto: “A inadimplência, mesmo em queda, continua na casa dos 40%, muito acima dos 29,4% registrados no mesmo período de 2024”.

No comparativo com o restante do país, o DF apresenta uma taxa de endividamento 9,7 pontos percentuais abaixo da média nacional. Em contrapartida, os percentuais de famílias com contas em atraso e sem condições de pagamento estão 10,9 e 5,7 pontos acima, respectivamente. O contraste aponta para um possível adiamento do consumo por parte dos brasilienses, diante da dificuldade de acessar crédito e da permanência de dívidas antigas.

Cartão perde espaço, mas ainda lidera dívidas

O cartão de crédito ainda lidera entre os principais tipos de dívida, citado por 70,3% dos entrevistados. O índice, no entanto, é inferior aos 80,8% registrados no ano passado. Cresceu a presença de outras modalidades, como crédito pessoal (12,7%), financiamento de veículos (11,8%) e de imóveis (11,4%).

A fatia da renda comprometida com dívidas se manteve praticamente estável — 21,4% em abril deste ano, ante 21,5% em 2024. Já o número médio de dias em atraso caiu de 69 para 65. Por outro lado, o tempo total comprometido com dívidas subiu de 28 para 32 dias, o que pode indicar prazos mais longos nas negociações. Mesmo assim, o DF permanece com um nível de comprometimento de renda abaixo da média nacional, que é de 30%.

Os números revelam uma população que, mesmo pressionada pelo custo de vida e pela oscilação da economia, dá sinais de adaptação e busca por equilíbrio financeiro.

Compartilhe esse Artigo
Deixe sua opnião
Verified by MonsterInsights