Apostas online e influência digital

Crescimento de apostas online acende alerta sobre a influência de digitais influencers e os riscos à juventude

Emilly Gomes
Por Emilly Gomes 3 Min Leitura
3 Min Leitura
Imagem: Reprodução
ouça o post

Nos últimos anos, as plataformas de apostas online se consolidaram como uma febre entre jovens e adultos no Brasil. Com promessas de retorno financeiro imediato, os chamados “jogos de azar” – entre eles, o popular “jogo do tigrinho” – passaram a ocupar espaço privilegiado nas redes sociais, impulsionados por campanhas de influenciadores digitais que transformaram o ato de apostar em um estilo de vida desejável.

A narrativa é envolvente: vídeos curtos, linguagem acessível e uma estética de sucesso fácil criam a ilusão de que enriquecer está a poucos cliques de distância. Influenciadores com milhões de seguidores exibem ganhos expressivos em tempo real, sem mencionar os riscos ou perdas. O cenário alimenta o que especialistas chamam de “gamificação da renda”, onde o dinheiro passa a ser associado à sorte e não ao esforço.

Por trás dessa aparente facilidade, no entanto, estão realidades alarmantes. O vício em jogos, as dívidas crescentes e a fragilidade emocional de quem aposta e perde tudo têm se tornado cada vez mais comuns. Muitos apostadores relatam uma sensação de urgência e compulsão semelhante à de outros tipos de dependência. O gatilho? A promessa de recuperar o que foi perdido, impulsionada por conteúdos que minimizam os danos e maximizam os ganhos.

O preço real

A ausência de regulação clara sobre a publicidade desses jogos nas redes sociais permite que influenciadores promovam plataformas sem transparência sobre os riscos envolvidos. Alguns recebem comissões por cada novo cadastro ou percentual sobre o valor apostado, o que levanta questões éticas importantes: até que ponto esses profissionais estão cientes – ou preocupados – com as consequências que seus conteúdos geram?

Entidades de proteção ao consumidor e especialistas em saúde mental têm alertado para o impacto desse fenômeno, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, grupo mais vulnerável à influência digital. O fácil acesso às plataformas, aliado à naturalização da aposta como “entretenimento inofensivo”, contribui para o crescimento silencioso de uma crise social e financeira.

Embora as apostas online não sejam ilegais, o modo como são divulgadas precisa ser revisto. A combinação entre estratégias de marketing persuasivas, ausência de filtros etários e a influência de personalidades digitais cria um ambiente fértil para comportamentos de risco.

O debate sobre a responsabilidade dos influenciadores ganha força. Em um cenário onde a credibilidade nas redes se confunde com autoridade, o mínimo que se espera é transparência. Afinal, quando o lucro de alguns depende da perda de muitos, não se trata apenas de um jogo – é uma questão de ética e responsabilidade social.

Compartilhe esse Artigo
Deixe sua opnião
Verified by MonsterInsights