Alergias respiratórias em crianças: como prevenir e cuidar

Criança saudável é aquela que respira bem, come bem, dorme bem e vive com muita energia

Dr. Tiago Oyama
Por Dr. Tiago Oyama  - Pediatra 4 Min Leitura
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Olhos irritados, cansaço frequente e noites mal dormidas podem ser sinais de algo além de um simples resfriadoImagem: Freepik
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Com a chegada do outono, os consultórios pediátricos começam a receber um número crescente de pequenos pacientes com nariz escorrendo, olhos lacrimejando, tosse persistente e dificuldade para respirar. Para muitos pais, parece apenas mais um resfriado. Mas atenção: pode ser alergia respiratória — e ela exige cuidados específicos.

As alergias respiratórias são reações exageradas do sistema imunológico a substâncias comuns do ambiente, como ácaros, poeira, mofo, pólen, pelos de animais e até mudanças bruscas de temperatura. O corpo da criança interpreta esses agentes como inimigos e responde com inflamação das vias aéreas.

Alergias mais comuns

Entre as mais comuns estão a rinite alérgica, a asma brônquica e a conjuntivite alérgica. Todas compartilham sintomas parecidos com os de infecções virais, o que torna o diagnóstico desafiador — e muitas vezes tardio. Enquanto isso, a criança sofre com noites mal dormidas, cansaço excessivo e até dificuldade de concentração na escola.

Um fator preocupante é o impacto na qualidade de vida. Crianças com alergias respiratórias não tratadas podem desenvolver crises intensas, infecções recorrentes e até dificuldades no desenvolvimento pulmonar. Além disso, o uso contínuo de medicamentos sem orientação médica pode mascarar os sintomas e atrasar o tratamento correto.

Por que o outono agrava esse quadro?

Com o clima mais seco, a queda de temperatura e o aumento na concentração de poluentes no ar, o sistema respiratório das crianças fica mais vulnerável. E como tendemos a deixar janelas fechadas por mais tempo, o acúmulo de poeira e ácaros em casa favorece as crises alérgicas.
Formas de prevenir

A boa notícia é que existem formas de prevenir. Uma das mais eficazes é o controle ambiental: evitar o uso de tapetes; as cortinas devem ser de tecidos impermeáveis; evitar móveis de difícil higienização diária; trocar as roupas de cama com frequência; evitar bichos de pelúcia acumulando poeira; aspirar sofás e cortinas; manter o ambiente arejado e usar capas antialérgicas em travesseiros e colchões. Se tiver algum Pet na casa, evitar que o mesmo frequente o quarto da criança. Umidificadores podem ajudar, mas devem ser usados com cautela — se mal higienizados, podem piorar a situação.

Diagnóstico

O diagnóstico preciso deve ser feito por um pediatra ou alergista. Em alguns casos, é necessário realizar testes de alergia para identificar os agentes causadores. O tratamento pode incluir o uso de medicamentos antialérgicos, corticóides tópicos, imunoterapia (vacinas de alergia) e, principalmente, mudanças no ambiente.

Outro ponto essencial é o fortalecimento da imunidade da criança. Alimentação equilibrada, prática de atividade física e sono de qualidade ajudam o organismo a responder melhor às agressões externas. E lembre-se: criança saudável é aquela que respira bem, dorme bem e vive com energia.

Muitos pais me perguntam: “Doutor, meu filho vai superar isso?”. Em grande parte dos casos, sim. O controle correto das alergias respiratórias permite que a criança leve uma vida completamente normal. Mas isso exige conhecimento, acompanhamento e atenção aos sinais.

No mais, deixo um conselho simples e valioso: observe seu filho com carinho e regularidade. Uma tosse que não passa, um nariz que vive entupido, olhos sempre irritados — tudo isso é o corpo tentando falar. Ouça-o.

Respirar é um ato automático. Mas para muitas crianças, só é tranquilo quando a alergia está sob controle. E isso, definitivamente, é responsabilidade nossa.

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Posted by Dr. Tiago Oyama Pediatra
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Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (Campus Ribeirão Preto); Residência Médica em pediatria no Hospital das Clínicas da USP - Ribeirão Preto; Residência Médica em Terapia Intensiva Pediátrica; Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria; Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
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