Antes mesmo do surgimento de Brasília no coração do país, o embrião do que viria a ser o sistema público de ensino do Distrito Federal já dava sinais de vida. A história da educação na capital começou antes de seus primeiros prédios. Em localidades como Planaltina e Brazlândia, já funcionavam escolas que seriam integradas à futura rede oficial do DF.
Com a criação do Departamento de Educação e Difusão Cultural em 1956, ligado à Novacap, o projeto educacional ganhou forma institucional. No ano seguinte, o educador Anísio Teixeira estruturou um plano ousado para o ensino na nova capital. Aprovado sem ressalvas, o projeto marcou o início de um esforço contínuo de construção de uma rede sólida e abrangente.
A década de 1960 trouxe mudanças importantes. Com a inauguração do Centro de Ensino Médio Caseb, em abril de 1960, e, logo depois, a criação da Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF), o ensino público se expandiu rapidamente. O processo de seleção de professores foi nacional e atraiu profissionais qualificados de diversas regiões, em busca de um projeto educacional novo, ambicioso e desafiador.
Mudanças importantes
Maria Lúcia Pereira, hoje aposentada, participou dessa fase de expansão.
Dávamos aula com pouquíssimos recursos, mas havia uma entrega genuína. Era tudo novo, tudo por fazer, relembra.
Em 1986, uma nova etapa se iniciou com o desmembramento da então Secretaria de Educação e Cultura. Surgia a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), assumindo a responsabilidade total pela gestão do ensino público. Mais tarde, em 1999, um novo capítulo começou a ser escrito: a extinção progressiva da FEDF, oficializada por decreto em 2003.
Renata Teixeira de Lima testemunhou essa transformação por dentro. Ingressou no sistema com apenas 17 anos e acompanhou, ao longo das décadas, as mudanças que reformularam a forma de administrar a educação pública no DF. “Não foi só uma troca de nome. Foi a transição de um modelo rígido para uma estrutura mais flexível, mais humana e eficiente”, analisa.
Atualmente, com 14 Regionais de Ensino, a SEEDF coordena uma das maiores redes públicas do país. A evolução da educação no Distrito Federal não se dá apenas em números ou decretos, mas nas histórias de quem esteve à frente das salas de aula e nos corredores das administrações regionais.
O que começou como uma necessidade emergencial, em uma cidade ainda em obras, tornou-se um sistema robusto, em constante adaptação às novas realidades sociais, tecnológicas e pedagógicas. Uma rede que cresceu junto com a cidade e continua sendo parte essencial da construção de Brasília.