A bronquiolite é uma infecção respiratória que preocupa pais e pediatras, especialmente nos meses mais secos do ano. Se você mora em Brasília ou em qualquer região do Centro-Oeste, já percebeu que as crianças ficam mais vulneráveis a doenças respiratórias à medida que o outono/inverno se aproximam.
Mas por que a bronquiolite é tão comum – e perigosa – nessa fase da vida?
A bronquiolite acomete principalmente bebês com menos de dois anos e é provocada por vírus que afetam as vias aéreas inferiores, especialmente os bronquíolos – pequenas estruturas dentro dos pulmões. O principal vilão é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por até 80% dos casos durante as epidemias sazonais, mas outros vírus como o rinovírus, influenza e metapneumovírus também podem causar a doença.
Em Brasília, dados da Secretaria de Saúde do DF mostram que os atendimentos por bronquiolite em unidades pediátricas aumentam até 40% entre abril e agosto, período marcado por ar seco, maior concentração de poluentes e variações de temperatura entre o dia e a noite. A baixa umidade – que pode cair abaixo de 20% – agrava o ressecamento das vias respiratórias dos pequenos.
Sintomas
Os sintomas iniciais da bronquiolite são semelhantes aos de um resfriado comum: nariz entupido, coriza clara, tosse e febre baixa. No entanto, em poucos dias, esses sinais podem evoluir para dificuldade respiratória, chiado no peito (sibilância), cansaço para mamar ou se alimentar e respiração acelerada. Em bebês menores de 3 meses, pode haver pausas na respiração (apneia), o que exige atenção imediata.
O diagnóstico é essencialmente clínico. Exames complementares como raio-X ou testes laboratoriais são solicitados apenas em casos atípicos ou graves. Alguns hospitais da rede privada e pública do DF já oferecem o teste rápido para detecção do VSR, o que ajuda na condução do caso, especialmente para decidir sobre isolamento e internação.
É importante destacar que não existe um tratamento antiviral específico para a bronquiolite causada pelo VSR. O tratamento é de suporte e envolve hidratação adequada, controle da febre, aspiração nasal com soro fisiológico e, nos casos mais graves, oxigênio suplementar. Medicamentos como corticoides e broncodilatadores são reservados para situações bem específicas e não devem ser usados sem indicação médica.
Prevenção
A melhor maneira de evitar a bronquiolite ainda é a prevenção. Manter as mãos sempre limpas, evitar contato com pessoas gripadas, higienizar brinquedos e utensílios dos bebês, e, se possível, evitar locais fechados e aglomerados durante os meses de maior circulação viral. A amamentação também é um fator protetor importante, pois fortalece a imunidade do bebê. Outra medida eficaz é o uso da palivizumabe, uma imunoglobulina que previne a infecção pelo VSR. Embora seu custo seja elevado, o SUS oferece gratuitamente para crianças que se enquadram em critérios específicos, como prematuros extremos, bebês com displasia broncopulmonar e cardiopatas graves.
Em casa, algumas estratégias podem ajudar a aliviar o desconforto respiratório: manter o ambiente umidificado (com bacias de água ou toalhas molhadas), fazer lavagem nasal frequente com soro fisiológico e garantir que a criança esteja bem hidratada. Nunca automedique seu filho, especialmente com xaropes ou descongestionantes, que podem ser perigosos nessa faixa etária.
A bronquiolite também pode deixar sequelas temporárias, como episódios recorrentes de chiado no peito nos meses seguintes. Estudos indicam que cerca de 30% dos bebês que tiveram bronquiolite grave apresentam broncoespasmo recorrente na infância, o que reforça a importância do acompanhamento com um pediatra de confiança.
Se você tem um bebê em casa e ainda não conhecia os riscos da bronquiolite, agora sabe o quanto ela pode ser séria. A boa notícia é que, com informação, atenção e apoio profissional, é possível atravessar a estação seca com muito mais segurança e tranquilidade.