31 anos do genocídio de Ruanda: memória e luta contra o negacionismo

Solenidade na CLDF relembra a tragédia que ceifou quase um milhão de vidas e alerta para a importância da preservação da memória histórica

Redação
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31 anos após o genocídio de Ruanda, a memória das vítimas continua viva. Solenidade na CLDF reuniu sobreviventes, autoridades e ativistas para refletir sobre a importância de nunca esquecer essa tragédia e de lutar contra o negacionismoImagem: Ângelo Pignaton/ Agência CLDF

O dia 7 de abril marca o 31º aniversário de uma das maiores tragédias do século XX: o genocídio de Ruanda. Durante um período de 100 dias, quase 1 milhão de pessoas, em sua maioria da etnia Tutsi, foram brutalmente assassinadas, em um massacre que chocou o mundo. Em um ato de recordação e reflexão, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) promoveu uma solenidade em homenagem às vítimas da tragédia, que contou com a presença de embaixadores africanos, pesquisadores, autoridades do Itamaraty e sobreviventes do genocídio.

A deputada Doutora Jane (MDB), responsável pela organização do evento, enfatizou a relevância de reviver a história de Ruanda. Para ela, o passado não deve ser esquecido, pois ele traz lições valiosas para evitar que atrocidades semelhantes se repitam. “Devemos ter o compromisso de jamais esquecer. A história de Ruanda é uma prova de que, mesmo após a dor intensa, a reconstrução é possível”, afirmou a deputada.

A solenidade teve um momento de grande emoção com o depoimento de Daddy Maximo Maicira-mitali, jornalista e ativista que sobreviveu ao genocídio. Ele, que tinha apenas 12 anos à época, relatou o sofrimento e os abusos vividos por ele e sua família, e a perda de dezenas de parentes assassinados pelos extremistas Hutus. O ativista destacou que o genocídio não foi um evento isolado, mas parte de uma campanha sistemática de demonização dos Tutsis, que começou na década de 1960, com a ascensão dos Hutus ao poder.

Vigilância contra o negacionismo

Foi uma matança orquestrada, alimentada por propaganda e doutrinação. Não foi a primeira tentativa de exterminar os Tutsis. Muitos sobreviventes carregam cicatrizes mentais e físicas que talvez nunca possamos curar, declarou Maicira-mitali, lembrando que a verdadeira recuperação de Ruanda se deu por meio da escolha do perdão e da reconciliação entre as etnias, ao invés de retaliações.

Ele também alertou para a importância de preservar a memória do genocídio. “Hoje, os sobreviventes não estão sozinhos. Mas precisamos continuar vigilantes, pois muitos ainda tentam negar o genocídio”, lamentou. A luta contra o negacionismo foi um tema recorrente durante a solenidade, com intervenções de outros convidados, como o pesquisador Tom Ndahiro, autor de um livro que investiga o papel das ONGs na tragédia.

A preservação da memória do genocídio de Ruanda não é apenas uma questão de justiça histórica, mas também um alerta contra o perigo do esquecimento. Para que tragédias como a de 1994 não se repitam, é fundamental que a sociedade se empenhe em manter viva a história, a fim de evitar que narrativas distorcidas e ideologias negacionistas prevaleçam.

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