A vacinação infantil não é apenas um ato de proteção individual, mas uma ferramenta essencial de saúde pública. Quando uma grande parte da população está vacinada, cria-se um fenômeno conhecido como imunidade coletiva ou efeito rebanho. Isso significa que até mesmo aqueles que, por razões médicas, não podem ser vacinados — crianças com alergias severas a componentes da vacina ou pacientes imunocomprometidos — ficam protegidos porque a circulação do vírus ou bactéria diminui drasticamente.
Sem essa barreira imunológica, doenças graves podem ressurgir e causar surtos em ambientes como escolas, onde há grande proximidade entre os alunos e alto potencial de transmissão. O sarampo, por exemplo, que havia sido eliminado no Brasil em 2016, voltou a circular nos últimos anos devido à queda na cobertura vacinal. Entre 2018 e 2022, mais de 40 mil casos e 40 mortes foram registrados, sendo a maioria em crianças pequenas, segundo o Ministério da Saúde.
Doenças preveníveis
A coqueluche, outra doença prevenível por vacinação, pode parecer um simples resfriado no início, masevolui para crises de tosse intensas que podem levar a complicações respiratórias graves. Em bebês, essa infecção pode ser fatal, e os principais transmissores são adultos ou crianças mais velhas que não receberam o reforço da vacina. Além do risco imediato de doenças graves e morte, a ausência de vacinação pode levar a sequelas permanentes.
A poliomielite, que foi erradicada do Brasil graças a campanhas intensas de vacinação, ainda circula em outros países. Se a cobertura vacinal continuar caindo, o vírus pode ser reintroduzido no país, causando paralisia irreversível em crianças não vacinadas.
Algumas crianças possuem condições de saúde que as tornam mais vulneráveis a infecções, como asma, diabetes e doenças cardíacas. Para esses grupos, a vacinação é ainda mais crucial, pois reduz o risco de complicações graves. É essencial que pais e responsáveis informem às escolas sobre quaisquer condições médicas das crianças, garantindo que medidas preventivas adequadas sejam adotadas.
Imunizações essenciais no calendário infantil, segundo o Ministério da Saúde
BCG: Protege contra formas graves de tuberculose e é administrada ao nascer, Hepatite B: deve ser aplicada nas primeiras 24 horas de vida quando a mãe é portadora do vírus.
Pentavalente: Combina proteção contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B.
Poliomielite (VIP/VOP): Previne a poliomielite, com doses aos 2, 4 e 6 meses e reforços aos 15 meses e 4 anos.
Pneumocócica 10-valente: Protege contra doenças como pneumonia e meningite, com doses aos 2 e 4 meses e reforço aos 12 meses.
Meningocócica C: Previne meningite causada pelo meningococo C, aplicada aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses.
Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola): Duas doses, aos 12 meses e 15 meses (nesta idade, combinada com a vacina contra varicela).
Manter essas vacinas em dia é crucial para evitar surtos de doenças preveníveis no ambiente escolar.
Vacinas disponíveis apenas na rede privada
Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça uma ampla gama de vacinas, algumas não estão disponíveis na rede pública e podem ser encontradas em clínicas particulares:
• Meningocócica B: Protege contra a meningite causada pelo meningococo do sorogrupo B.
• Pneumocócica 20-valente: Oferece proteção contra 20 sorotipos de pneumococos, ampliando a cobertura em relação à versão disponibilizada pelo SUS.
• Hexavalente: Combina proteção contra difteria, tétano, coqueluche acelular, hepatite B, poliomielite inativada e Haemophilus influenzae tipo B.
• Tríplice Bacteriana Acelular do Tipo Adulto (dTpa): Indicada para reforço em gestantes e adultos, protegendo contra difteria, tétano e coqueluche.
• Dengue: duas doses a partir de 4 anos até 60 anos. (*alguns estados disponibilizam de forma gratuita nos postos de saúde para crianças de 6 a 12 anos)
A decisão de administrar essas vacinas deve ser discutida com o pediatra, considerando as necessidades específicas de cada criança.
Tranquilizando os pais durante a vacinação
É natural que os pais sintam apreensão durante o processo de vacinação dos filhos. Para tornar esse momento mais tranquilo:
• Preparação Antecipada: Explique à criança, de maneira simples e honesta, o que é a vacina e sua importância. Livros e histórias podem ser úteis para essa preparação.
• Ambiente Confortável: Leve um brinquedo ou objeto familiar para proporcionar conforto durante a aplicação.
• Distração Positiva: Utilize técnicas de distração, como contar histórias ou cantar músicas, para desviar a atenção da criança no momento da vacina.
• Calma dos Pais: Pais mais tranquilos tornam a experiência mais positiva para as crianças. A vacinação não precisa ser um momento de estresse, mas sim um ritual de proteção e carinho que reforça o compromisso da família com a saúde.
Portanto, vacinar é um ato de responsabilidade coletiva e amor. É um compromisso ético com a sociedade, garantindo que crianças e adultos possam conviver em um ambiente seguro e saudável, sem o medo de doenças que já deveriam estar erradicadas e podem levar a morte.